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Mapa da cana na América Latina vai nortear expansão do álcool

Comissão Interamericana já encomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina


A foto que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush tirarão juntos nesta sexta-feira (09-03) simbolizará uma parceria que, nos bastidores, está funcionando a todo o vapor desde o fim do ano passado. Segundo o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma comissão de âmbito continental criada em dezembro, a Comissão Interamericana de Etanol já encomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina, para saber onde e como será possível plantar cana-de-açúcar ou aproveitar a produção já existente para fabricar etanol.

Rodrigues atua na comissão representando a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Atualmente ele preside o Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp. Também participam do grupo internacional o ex-governador do estado da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente norte-americano, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luis Alberto Moreno.

A comissão aguarda informações solicitadas ao Instituto Interamericano de Cooperação agrícola (IICA) para traçar um diagnóstico do mercado de etanol no continente. “A idéia é levantar dados sobre a produção de cana-de-açúcar em cada país, quantos hectares são plantados, qual a produtividade, qual o custo de produção, qual o sistema de produção, qual a estrutura fundiária e, se possível, a indicação de alguma produção de etanol”, detalha o ex-ministro.

Também será levantado quanto cada país tem de terra disponível para plantar cana-de-açúcar e qual tecnologia seria mais adequada. Por fim, será apurada a obrigatoriedade ou não de mistura de etanol à gasolina em cada país. Segundo Rodrigues, o trabalho também tem o objetivo de alavancar investimentos e avançar na "comoditização" do etanol.

“Quando este trabalho estiver pronto, até final de abril, teremos identificado todo o cenário continental para a produção de etanol. A partir daí, o BID criará um sistema financeiro para apoiar construções de usina de álcool em todos os países em que a cana de açúcar é viável.”, antecipa Rodrigues.

Na avaliação do ex-ministro, é necessário que vários países produzam etanol para que se crie um mercado de consumidores. Atualmente, Brasil e Estados Unidos respondem por 72% da produção mundial de etanol, sendo que os norte-americanos produzem apenas para seu mercado interno.

”Hoje, consumidores importantes como Japão, Coréia e União Européia olham com uma certa preocupação esse produto, porque quem produz hoje, com capacidade de exportar, é o Brasil. Os líderes desses países têm medo de depender de um único país. É preciso que mais países produzam”, destaca."Quanto mais gente estiver produzindo, mais oferta o mundo terá e mais fácil será criar um mercado de consumidores de etanol. Como o Brasil tem uma qualidade competitiva inalienável, ninguém consegue competir conosco nessa área, sempre iremos ter uma posição vantajosa no mercado internacional.”

A produção de etanol em outros países, especialmente na América Central e Caribe, será um dos principais temas da visita do presidente George W.Bush ao Brasil. Segundo Roberto Rodrigues, o que se discute é uma parceria envolverndo tecnologia brasileira e norte-americana. Os recursos para a implantação de plantas de etanol noutras regiões viriam do Brasil, Estados Unidos, dos outros países e de bancos internacionais financiadores. “Uma parceria com os Estados Unidos é significativa, sobretudo se permitir que os recursos americanos sejam investidos aqui e em outros países para difusão e melhoria da tecnologia na questão canavieira e na questão industrial da produção do álcool”, destaca.

Para Rodrigues, com essa parceria, o Brasil vai poder vender tecnologia. “Vamos vender equipamentos, usinas completas, inteligência, carros flex fuel. Vamos ter condições de vender produtos com valor agregado mais alto”, enfatiza ele.

Outro ponto importante da conversa entre Brasil e EUA, segundo Rodrigues, é a discussão sobre a padronização do produto, com vistas ao comércio internacional, a chamada "commoditização" (ou seja, a transformação do álcool em commodity, tipo de mercadoria que é negociada internacionalmente com facilidade porque os diferentes mercados sabem que ela terá sempre as mesmas características).

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