CI

Mapa faz reunião para definir ações para região cacaueira da BA

O plano voltado ao reaquecimento da economia do sul do estado deve ser concluído em 60 dias


A partir dessa segunda-feira (12-03) até sexta-feira, o grupo de trabalho criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para definir o Plano de Aceleração do Desenvolvimento e Diversificação do Agronegócio da Região Cacaueira da Bahia estará reunido em Brasília. Durante o encontro, serão identificados os problemas da região e apresentadas propostas para elaboração do plano voltado ao reaquecimento da economia do sul do estado, que deve ser concluído num prazo de 60 dias.

O grupo de trabalho é formado por representantes dos ministérios da Agricultura, Fazenda e Planejamento, secretarias estaduais de Agricultura, Fazenda e Planejamento da Bahia, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Câmara Setorial do Cacau, Comissão Nacional do Cacau, Federação da Agricultura do Estado da Bahia, Associação Brasileira das Indústrias de Cacau, BNDES, Banco do Brasil e Banco do Nordeste.

Entre os participantes da reunião, a opinião unânime é de que o plano é uma grande chance para pôr fim à crise na lavoura cacaueira, que já dura duas décadas. O declínio do setor é resultado da queda de preços do cacau, aliado às alterações climáticas e à incidência da doença vassoura-de-bruxa, que reduziu a produção em cerca de 70%.

Para o ministro interino da Agricultura, Luiz Gomes de Souza, a preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a agregação de valor ao cacau e outros produtos são alternativas viáveis. Segundo ele, o grande desafio é definir um modelo que traga benefícios para toda a região, gerando emprego e renda e melhorando as condições de vida da população. “O governo federal está muito sensível aos problemas do sul da Bahia e acredito que vamos encontrar soluções que serão implementadas a curto e médio prazos.” O secretário de Agricultura da Bahia, Geraldo Simões, lembrou que durante décadas o cacau garantiu a implantação da estrutura regional, que incluiu a construção de um porto, rodovias, hospitais e uma universidade. “Hoje, estamos vivendo uma crise que precisa ser superada, a partir de ações integradas entre os governos federal e estadual, que passa pela solução do problema do endividamento dos produtores.”

Além disso, defendeu Simões, a superação da crise exige o fortalecimento e modernização da Ceplac, além de investimentos em diversificação de culturas viáveis, como o dendê e a seringueira. Isso, avalia, estimulará a produção de biocombustíveis e a produção de matéria-prima para o setor automobilístico na Bahia.

Simões disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Jaques Wagner estão empenhados em resolver os problemas do sul da Bahia. “É preciso que apresentemos uma proposta viável, que possa ser atendida. Devemos elaborar um plano que possa trazer resultados satisfatórios a partir da união de todos os segmentos da Região Cacaueira”.

O diretor geral da Ceplac, Gustavo Moura, também está otimista com o plano. “Podemos acreditar na adoção de medidas que vão resolver a questão do endividamento e permitir novos investimentos para a retomada da produção e de projetos de diversificação”. Na avaliação do diretor da secretaria de Agricultura da Bahia, Itazil Benício dos Santos, está é uma oportunidade de implantar um modelo de desenvolvimento que impulsione a atividade econômica do sul da Bahia.

“Temos que focar o trabalho na busca de soluções para a questão da dívida e ao mesmo tempo encontrar caminhos para a sustentabilidade, aproveitando que existe interesse do poder público”, reforçou o presidente da Comissão Nacional do Cacau e vice-presidente da Faeb, José Mendes Filho.

O presidente da Câmara Setorial do Cacau, Fausto Pinheiro, conconda com Mendes. “Temos condições de fazer um diagnóstico real das necessidades regionais, tendo como princípio a solução para o endividamento, que é um entrave para qualquer outro projeto para reaquecer a economia”.

Novo modelo - “Não podemos nos concentrar apenas no problema do endividamento”, assinalou o pesquisador da Unicamp, Gonçalo Pereira. Segundo ele, a partir do equacionamento da dívida, é preciso buscar a diversificação das culturas e a adoção de um novo modelo para o cacau, que tem que deixar de ser apenas matéria-prima e agregar valor, através da industrialização, além de alterar o modelo de comercialização, hoje concentrado em poucas empresas.

O pesquisador aponta alguns tópicos que serão discutidos pelo grupo de trabalho, como as questões financeira, agronômica, negocial, combustíveis alternativos, turismo e ecoturismo, criação de um pólo de eventos e feiras no eixo Ilhéus-Itabuna e o fortalecimento da Uesc e da Ceplac, que passarão atuar de forma mais efetiva nas áreas de educação, pesquisa e extensão rural.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.