Mapas do MA revelam pressão da nova fronteira agrícola sobre o cerrado
Cerrado maranhense tem 25% da área ocupada pela agropecuária
O Mapa de Vegetação demonstra a pressão da nova fronteira agrícola brasileira sobre o Cerrado no centro e sul do Maranhão. No local, a atividade agropecuária (pastagens plantadas, lavouras) substituiu, com velocidade surpreendente e preocupante, quase 25% da área de Cerrado, passando de uma área de 74.288,57km² de vegetação natural para os atuais 57.130,04 km². No caso das florestas, após anos de exploração madeireira sistemática, restringem-se a áreas protegidas, especialmente reservas indígenas. O mapa mostra que a área remanescente de Floresta Densa, por exemplo, é de apenas 31% da original, totalizando apenas 19.707,61km2. Da Floresta Semidecidual e da Decidual restaram cerca de 45% e 25% das áreas nativas. E da Floresta Aberta (babaçu) teve representação na escala do mapa uma área remanescente no noroeste do estado de apenas 27,5 km², correspondente a 0,09% da área primitiva.
Produzido com o auxílio de imagens de satélite e a partir da atualização dos levantamentos do Projeto RADAMBRASIL (que operou entre 1970 e 1985 e se dedicou a cobrir por imagens aéreas de radar diversas regiões do território brasileiro, em especial a Amazônia), o mapa de vegetação representa três biomas continentais brasileiros: Amazônia, Cerrado e Caatinga, com seis tipos principais de vegetação: Floresta Ombrófila Densa (com árvores que não perdem as folhas na estação seca), Floresta Ombrófila Aberta (dominada por babaçu e/ou cipós), Floresta Estacional Semidecidual (com árvores que perdem parte das folhas na estação seca), Floresta Estacional Decidual (com árvores que perdem mais de 50% das folhas na seca), Savana(Cerrado) e Savana-Estépica (Caatinga do Sertão Árido) e as Áreas de Formações Pioneiras (várzeas e mangues, principalmente).
No mapa, reconhece-se também uma área com grande importância turística: a Província Estrutural Costeira, que domina a costa maranhense sob a forma de dunas (depósitos marinhos, fluviomarinhos e eólicos, pleistocênicos a holocênicos), que no conjunto formam os Lençóis Maranhenses e a Baixada Maranhense.
O mapa revela, ainda, a ocupação pela atividade agropecuária de chapadas (serras dos Penitentes, Alpercatas e Espigão Mestre) que funcionam como armazenadoras e fornecedoras das águas que fluem nas bacias hidrográficas da região, em toda a região no sul, oeste e sudoeste do estado, o que gera preocupação com os impactos ambientais. A atividade agrícola prejudica a infiltração e traz risco de contaminação por defensivos agrícolas.
Na Província Estrutural Gurupi, na região noroeste, destaca-se o ouro,historicamente lavrado sob a forma de garimpos. Os depósitos carbonatados de idade cretácea da Formação Codó contêm significativas reservas de calcários, utilizadas em parte para a produção de cimento em fábricas instaladas na cidade de Codó e, também como corretivos da acidez do solos da região e estados vizinhos, como o Pará e o Piauí.
Imponentes conjuntos de falhas geológicas, sob a forma de alinhamentos de serras e da rede de drenagem cortam o território maranhense, destacando-se Pirapemas (NE-SO), Picos-Santa Inês (NO-SE), Tianguá-Carolina (ENE-OSO) e Transbrasiliano (NE-SO), apontando áreas relevantes economicamente, algumas favoráveis á concentração de hidrocarbonetos. Como por exemplo a reserva de gás natural, descoberta em 2010, no município de Capinzal do Norte (Bacia do Grajaú), em área de influência do conjunto de falhas Picos-Santa Inês. Na região do município de Balsas, em áreas afetadas pelo conjunto de falhas de Tinguá-Carolina, em poço perfurado pela Petrobrás na década de 60, foram encontrados indícios de gás natural.
O Mapa de Solos (Pedologia) apresenta os principais tipos de solos que ocorrem no Maranhão. Localizados de norte a sul do estado, os argissolos e latossolos são os mais explorados economicamente, tanto pela agricultura, especialmente soja, quanto pecuária. Embora apresentem baixa fertilidade natural, possuem considerável potencial de utilização agrícola devido à baixa suscetibilidade à erosão e boa umidade.
Dois tipos de solos que ocorrem no Maranhão devem ser alvo da preservação ambiental. Os neossolos litólicos, principalmente na porção sul, pois apresentam elevada erosão, devido à reduzida profundidade e à ocorrência, geralmente, em relevos acidentados. Já os neossolos quartzarênicos, presentes no norte e no sul do estado, são constituídos principalmente de grãos de quartzo, e por isso muito suscetíveis à erosão e com baixa retenção de umidade.
O Mapa de Relevo do estado do Maranhão retrata uma das paisagens naturais mais conhecidas do estado e que desperta grande interesse turístico - Lençóis Maranhenses - situados a nordeste do estado, que incluem campos de dunas e planícies arenosas, entrecortadas por lagoas temporárias.
As unidades localizadas nos terrenos de idade mais recente, relacionadas aos depósitos sedimentares quaternários, são identificadas por uma variedade de formas de topografia suave. As formas associadas à rede de drenagem compreendem planícies e terraços fluviais, que ocorrem ao longo de rios como o Itapecuru, Mearim, Pindaré, Turiaçu, Parnaíba, Tocantins, Gurupi, entre outros. No litoral sobressaem, a noroeste, longas penínsulas e ilhas delimitadas por planícies lamosas recobertas por manguezais, além de trechos de restingas, dunas e mangues, a nordeste.
As unidades localizadas em bacias sedimentares abrangem os relevos planos das chapadas, tabuleiros e depressões elaborados em rochas sedimentares pertencentes à Bacia (Província) Sedimentar do Parnaíba, mais antigas que as anteriores. Nelas, estão incluídas as extensas chapadas do centro-sul do estado, cortadas pela drenagem dos altos cursos dos rios Itapecuru e Mearim, e outras residuais do vale do rio Farinha.