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Margen já deve R$ 50 milhões a produtores do Paraná


Pecuaristas do Norte e Noroeste do Estado revelaram ontem à Federação da Agricultura do Paraná (Faep) que os quatro frigoríficos do Grupo Margen devem R$ 50 milhões à classe. O cálculo foi feito com base em levantamentos preliminares. As empresas do grupo estão interditadas há quase um mês pelo INSS, Secretaria da Receita Federal e Polícia Federal. Único exportador de carne do Paraná, responsável por 40% das exportações deste estado, o Margen está com os bens bloqueados pela Justiça há quase um mês, por sonegação fiscal.

Para orientar os pecuaristas, a Faep quer saber do grupo de que maneira receberá seus créditos. Com a redução de compradores, houve queda de mais de 10% no preço da arroba do boi. Ontem, no Norte/Noroeste, ela estava cotada a R$ 58,00. Antes da interdição, alcançava até R$ 61,00, segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Embora qualifique de ‘acertada’ a decisão oficial, a Faep alertou as autoridades federais para os reflexos da inadimplência e do desemprego na cadeia produtiva da pecuária de corte, ocasionada pela suspensão das atividades. Somente em Maringá, duas unidades do grupo abatiam mensalmente cerca de 15 mil bois. Desde a intervenção do governo, a empresa só exportou carne proveniente de estoques anteriormente formados.

De acordo com o veterinário da Seab, Fábio Mezzadri, a situação ficou delicada porque o Margen adquiriu as unidades frigoríficas dos únicos concorrentes exportadores, o Amambai e o Frigma, ambos de Maringá. Os abates também foram suspensos nas unidades de Paranavaí e Lupionópolis.

O presidente da Faep, Ágide Meneguette, confirmou que os criadores não receberam os valores correspondentes à entrega de bovinos ‘terminados’. Geralmente, são poucos os pecuaristas que negociam à vista. A maioria espera 30 dias. Segundo Meneguette, a desativação dos frigoríficos deixou os criadores sem alternativa de venda. Muitos deles estão com animais em fase de ‘terminação’ e/ou ‘terminados’.

Criadores responsáveis por animais destinados à exportação terão que colocá-los em frigoríficos que não estão aptos à exportação, nem pagam a mais pela arroba de um animal superior e rastreado. Ou, então, vendê-los fora do estado. Essa ação, porém, não deve aliviar os prejuízos, uma vez que as empresas de outros estados possivelmente descontem dos pecuaristas seus gastos com fretes e impostos.

A Faep adverte para o risco de desemprego de 2 mil trabalhadores por conta da crise. Se a paralisação dos abates prosseguir, inevitavelmente os pecuaristas sofrerão prejuízos.

Conforme solicitação reiterada ontem pela entidade, a Receita Federal precisa apontar alternativa para facilitar o pagamento dos bois entregues por parte do grupo Margem. Ao mesmo tempo, há necessidade de decisão capaz de evitar o encerramento definitivo das atividades dos frigoríficos. Ao INSS, a entidade reivindica meios para preservar produção e empregos. Ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pede resposta concreta sobre a viabilidade de retorno das operações dos quatro frigoríficos.

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