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Mato Grosso engatilha novo salto na produção de soja

Estado investe em qualificação e em zoneamento socioeconômico e ecológico


Estado investe em qualificação e em zoneamento socioeconômico e ecológico para se antecipar à inauguração de nova estrutura logística

Cuiabá - O produtores de soja de Mato Grosso se mobilizam para criar um ambiente que permita novo salto no plantio de soja nos próximos anos. A Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) aponta a existência de 9 milhões de hectares disponíveis à cultura, que não exigem desmatamento mas não estariam sendo utilizados por falta de infraestrutura.


O projeto é o pano de fundo do 6.º Circuito Aprosoja, evento aberto na última semana que discute o planejamento da safra 2011/12. A previsão é de cultivo apenas 2% maior que o do ano passado. A Aprosoja usa dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, o Imea, que considera que em 2010/11 foram cultivados 6,4 milhões de hectares com a oleaginosa.

“Não avançamos praticamente nada na área de soja nos últimos anos. O Mato Grosso tem potencial para muito mais”, defendeu o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira. Ele afirmou que as obras ferroviárias, que prometem facilitar o escoamento da produção pelos portos de Santos (SP) e do Nor­­­deste, permitirão avanço mais rápido nos próximos anos.

A série de medidas de estímulo à produção incluem reforço na qualificação dos produtores e reforma na legislação. Diante de aproximadamente 300 produtores e líderes do setor, o governador, Silval Barbosa, foi pressionado a sancionar o Plano de Zoneamento Socioeconômico e Ecológico da Soja, revisado pelos deputados estaduais por pressão de organizações de defesa do ambiente e remetido novamente a seu gabinete na semana passada.

Na abertura do 6.º Circuito Aprosoja, o setor reuniu especialistas que mostraram haver mercado de sobra para que o Brasil amplie a produção da oleaginosa. Eles disseram ainda que, para isso, é necessário estruturar um sistema de escoamento intermodal. “Temos dados que provam redução de custo e da poluição com o uso dos ramais ferroviários já existentes”, disse Rodrigo Koelle, da Cargill. “Sabemos o que precisa ser feito.”

O evento foi também uma oportunidade para cobranças. “O Brasil quer investir R$ 20 bilhões no trem-bala mas não investe o suficiente no transporte da soja, que é o principal produto da agricultura”, defendeu o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Fama­­­to), Rui Prado.


O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Moreira Franco, que representou o governo federal no evento, concordou com as críticas e disse que o governo vai fazer o possível para ajudar o setor a reduzir custos.

O Mato Grosso, com as terras a R$ 12 mil o hectare e a 2 mil quilômetros dos portos, é considerado um dos estados mais viáveis do país para a produção da oleaginosa. O produtor Vanderlei Reck Júnior, que participava de um grupo de produção que detinha 6 mil hectares na Venezuela, optou por voltar ao Brasil e investir no estado. “A situação na Vene­­­zuela se complicou nos últimos anos porque o lucro da produção tem de ser mantido no país. Na próxima safra, vou ampliar a produção de soja transformando 800 hectares de pastagens em lavoura”, relata. Na última temporada, ele dedicou 1,2 mil hectares à oleaginosa em Tangará da Serra, Sudoeste mato-grossense.

Pela primeira vez, o Cir­­­cuito Aprosoja ocorre também fora de Mato Grosso. Seis estados serão percorridos em maio. Foram programadas discussões em Dourados (MS), dia 16, Cascavel (PR), 19, Santo Ângelo (RS), 20, Rio Verde (GO), 23 e Luís Eduardo Maga­­­lhães (BA), 24.

O jornalista viajou a convite da Aprosoja.

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