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Mato Grosso vai oferecer novas variedades de soja ao Brasil


Com a inauguração da estação de melhoramento genético em Sorriso, os resultados saem em oito anos.

O município de Sorriso (a 420 quilômetros de Cuiabá, ao Norte do Estado) está pronto para ser um polo de desenvolvimento biotecnológico de grãos em Mato Grosso. Enquanto o desenvolvimento e comercialização da soja transgênica aguardam autorização do governo federal, o município estará apto, em cerca de oito anos, a ofertar aos produtores mato-grossenses variedades de oleaginosas resistentes à pragas e doenças, como por exemplo, a ferrugem.

O primeiro passo para busca de sementes mais resistentes, com baixo custo de manejo, excelente adaptação ao cerrado e que resultem em grandes produtividade foi dado no último final de semana, com a inauguração da Estação de Pesquisa em Melhoramento Genético de Soja, que consumiu recursos de US$ 1 milhão de dólares pela Monsanto. Neste momento, a Multinacional estuda a oferta de onze variedades de sementes de soja para demanda brasileira.

Até o final do mês, a Fundação Mato Grosso inaugura sua base de melhoramento de soja em Sorriso. “O município desponta como referência em qualidade de soja para todo o país”, destaca o prefeito municipal, José Domingos Fraga Filho.

O presidente da Monsanto no Brasil, Richard Greubel, explica que Sorriso, sendo o maior produtor nacional de soja, deveria ser o pioneiro em variedades que contribuam para a manutenção deste ranking.

“Existe potencial para o incremento de lavouras de soja em toda a região Norte de Mato Grosso. Atualmente, são produzidas no município 2,8% da safra anual de soja. No ano passado, a safra alcançou 1,6 milhão de toneladas em uma área plantada de 509 mil hectares. A média de produtividade esteve em 3,3 mil quilos por hectare”, argumenta.

A meta da multinacional é fornecer ao mercado nacional entre três a cinco novas variedades de soja por ano. “A seleção de material nessa região levará a criação de cultivares mais produtivas e bem adaptadas às regiões de baixa latitude, como por exemplo o Norte de Mato Grosso”, aponta o responsável pela Estação, Claudiomir Abatti.

A médio prazo a intenção da empresa é estender a oferta de sementes de alta tecnologia aos produtores de algodão, sorgo e milho.

“Em geral uma nova variedade leva de oito a doze anos para ser comercializada, afinal, além de muitos estudos sobre as sementes, deve ficar comprovada a superação de resultados que o produtor espera, em cerca de 1% a 1,5%”, detalha Abatti.

O responsável pela Estação, acrescenta que, as novas variedades devem ser produtivas, altamente resistentes, adaptáveis e que reduzam os custos de manejo/produção.

ACOMPANHAMENTO – Todas as variedades que se mostram eficazes são apresentadas aos agricultores por meio de eventos, como os dias de campo, onde há todo o suporte técnico disponível para a difusão das novas sementes. Além de manual técnico, os agricultores contam com as informações dos mutiplicadores, os sementeiros, que ofertam as variedades e ficam em contato direto com os produtores. A Monsanto possui 71 mutiplicadores no Brasil, sendo sete em Mato Grosso. Os sementeiros estão localizados na região da Serra da Petrovina, no Sul do Estado, onde a latitude, acima de 700 metros, favorece a produção de sementes.

De acordo com um dos mutiplicadores da Monsanto, o sementeiro Luciano Sâmara, o atendimento à lavouras é a forma mais econômica do produtor buscar rentabilidade nas culturas. “A pesquisa é muito cara, quando entramos em ação, o novo produto está mais do que testado. A safra de soja 2002/03, consumiu cerca de 4 milhões de sacas”, explica.

Nesta unidade de pesquisa existem 85 hectares agricultáveis e destinados como área de ensaio, três laboratórios, sendo um de fitopatologia, outro de sementes e um de biotecnologia, onde por meio da engenharia genética é possível análises de materiais e até extração de genes. Para cada linhagem criada, a estação tem capacidade de produzir de 10 a 15 quilos de sementes por linhagem. Já para as variedades, a capacidade de produção é de 60 quilos. “As variedades que saírem desta estação estarão aptas a atender às demandas dos estados de Goiás, Mato Grosso Sul e toda a região de cerrado e até do Norte do país”, completa Abatti.

Segundo Abatti, cerca de 40 empregos diretos e indiretos, entre engenheiros agronômos, técnicos agrícolas e auxiliares de pesquisa e administrativo.

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