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Médico veterinário realiza experimentalmente transplante renal


O transplante de órgãos em animais de pequeno porte, como gatos e cães, já é uma realidade, porém está sendo efetuado de forma experimental no Brasil. O médico veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, Guilherme Savassi Rocha, mestrando em cirurgia experimental pela universidade, foi o responsável pelo transplante de rim em uma cadela da raça Cooker Spaniel em Santa Maria, sendo o primeiro caso de caráter de rotina a ser realizado no Brasil.

Mesmo não apresentando problemas logo após a cirurgia, a paciente veio a falecer cinco dias mais tarde em decorrência da rejeição ao órgão transplantado. A realização da cirurgia era inevitável, pois o quadro clínico de Natasha apresentava uma doença renal congênita, isto é, nasceu com ela, e com um ano de idade já apresentava uma posição corporal muito ruim, conforme explicou Savassi.

Ele destacou que as operações experimentais são o primeiro passo para atingir os procedimentos rotineiros, mas, para isso, faltam centro cirúrgicos no país e instrumentos especiais para a realização de cirurgias vasculares. Para tentar minimizar casos como o que ocorreu com a Natasha, os principais países a realizar operações nesse ramo, Estados Unidos e Canadá, estão investindo em procedimentos mais eficazes. “Os EUA e o Canadá realizam esse tipo de cirurgia há mais tempo e estão sempre investindo em procedimentos mais modernos, por isso pretendo fazer parte do meu doutorado nos Estados Unidos com o objetivo de aprofundar meus conhecimentos nessa área”, enfatiza o mestrando.

Casos como o da cadela poderiam ter obtido sucesso caso o doador, ou doadora, tivesse algum grau de parentesco com ela, o que não aconteceu. Outro fator negativo, mesmo para cachorros sendo parentes, é que apenas 40% das cirurgias realizadas nos Estados Unidos, por exemplo, tiveram sucesso, enquanto para os felinos esse índice fica entre 75% a 80%. Savassi também afirma que esse tipo de cirurgia nunca é realizado de forma emergencial, pois é necessário a avaliação da real necessidade do procedimento e a condição do animal. Por isso, são realizados minuciosos exames tanto para o doador quanto para o receptor.

O hospital veterinário de Santa Maria é um dos mais habilitados do país a proceder cirurgias de transplantes, pois conta com um moderno bloco cirúrgico experimental e um microscópio necessário para animais de pequeno porte, além de possuir aparato de monitorização durante as cirurgias. O primeiro registro de transplante de rim em animais ocorreu no ano de 1984. O animal receptor foi um gato persa, que veio a falecer dois anos depois em razão de complicações cardiovasculares.

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