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Medida sanitária deixa 4 mil toneladas de tangerina no pé

A exigência que proíbe o transporte de frutas cítricas com folhas e galhos atrasou a colheita de cerca de 4 milhões de quilos


A exigência sanitária federal que proíbe desde abril o transporte de frutas cítricas com folhas e galhos atrasou a colheita de cerca de 4 milhões de quilos de tangerina no Paraná – 5% da safra. A avaliação parte de números da Cooperativa de Produção da Agricultura Familiar Integrada (Coopafi). As frutas estão maduras e só devem ser apanhadas à medida que as vendas voltarem ao normal.

O número já desconta os 2,2 milhões de quilos – entre 100 mil e 120 mil caixas de 20 quilos – vendidos para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) nesta semana. Esse lote começou a ser retirado segunda-feira dos pomares do Vale do Ribeira, principal região produtora do estado, e deve ser distribuído para instituições de assistência sociais. O produtor vai receber do governo R$ 7 por caixa, o dobro do preço oferecido pelos atravessadores.

“A venda para a Conab fez o preço pago na roça subir de R$ 3 para R$ 4 por caixa imediatamente. Mas vai demorar para o escoamento voltar ao normal”, avalia o secretário de Agricultura de Cerro Azul, João Carlos Hilman. O município é o maior produtor de tangerina do Brasil.

Apesar de a safra deste ano ser 20% menor por causa da falta de chuvas no estado, a concentração de frutas nos pomares está acima do normal. “Em vez de 480 mil caixas, vendemos só 150 mil para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina entre abril e maio. Com a nova medida sanitária, muitos recusaram a tangerina sem folhas. Os produtores tiveram de adaptar a colheita, o que também atrasou as vendas. Tem muita fruta no pé”, afirma Hilman. A venda para a Conab, com investimento de R$ 1,1 milhão, resolveu um terço do atraso no escoamento.

Como o mercado catarinense e o gaúcho estão colhendo suas próprias safras de tangerina, o produtor do Paraná enfrenta dificuldade para recuperar as vendas. O mercado interno também mostra restrição às tangerinas sem galhos. “As pessoas pensam que a fruta é velha”, conta o comerciante Renato de Siqueira, que atua no Mercado Municipal de Curitiba. Ele estima que as vendas caíram 20%, por força da medida sanitária e da retração no consumo provocada pela crise econômica.

Os galhos verdes eram prova de fruta fresca. Os vendedores só limpavam as tangerinas quando os ramos começavam a ficar secos, a partir do terceiro dia de exposição. O mercado perdeu essa medida.

A vigilância sanitária de cada estado forma barreiras fiscais para impedir a saída e a entrada de cargas de tangerina e laranja com vegetação. A maior parte da produção de laranja já era transportada sem galhos. Todo esse esforço é para barrar a praga mancha preta. O problema, que reduz a produtividade dos pomares, está sob controle no Paraná, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura (Seab).

Apesar da fiscalização, ainda existem frutas com galhos no mercado. Ontem à tarde, tangerinas com folhas verdes estavam em exposição no Mercado Municipal. Eram poncãs de Cerro Azul e mexericas de São Paulo. Os comerciantes disseram que estão arrancando a maior parte dos galhos que vêm com as frutas para não ter a mercadoria apreendida.

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