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Mediterrâneo se aquece rápido, e desertos podem crescer na Europa, diz pesquisa

Mudanças climáticas feitas pelo homem “vão provavelmente alterar ecossistemas no Mediterrâneo de uma maneira sem precedentes”


O aquecimento global está no caminho para interferir na região do Mediterrâneo mais do que qualquer seca ou onda de calor nos últimos 10 mil anos, transformando partes do sul da Europa em deserto até o fim do século, disseram cientistas nesta quinta-feira. Temperaturas médias na região já subiram 1,3 grau Celsius desde o fim do século 19, bem acima da média mundial de 0,85 grau, de acordo com um estudo comandando pela Universidade de Aix-Marseille na França.

As mudanças climáticas feitas pelo homem “vão provavelmente alterar ecossistemas no Mediterrâneo de uma maneira sem precedentes” nos últimos 10 mil anos se os governos não reduzirem rapidamente as emissões de gases do efeito estufa, escreveram os pesquisadores no periódico Science. Com o aquecimento descontrolado, desertos cresceriam em Espanha e Portugal, no norte de Marrocos, Argélia e Tunísia e em outras regiões como a Sicília, o sul da Turquia e partes da Síria, segundo o estudo.

A vegetação na região, famosa por pinheiros, oliveiras e carvalhos, sofreria alterações drásticas. No ano passado, quase 200 governos concordaram em Paris em limitar o aumento da temperatura média da superfície terrestre a “bem abaixo” dos 2 graus acima da era pré-industrial, idealmente 1,5 grau. Governos vão se encontrar em Marrocos no mês que vem para reavaliar o acordo.

Somente o objetivo global de 1,5 grau garantiria que os ecossistemas do Mediterrâneo permanecessem nos marcos dos últimos 10 mil anos, disse a pesquisa. O debate sobre o corte das emissões “é urgente para essas regiões sensíveis”, disse à Reuters Joel Guiot, um dos principais autores, da Universidade de Aix-Marseille. O Mediterrâneo é sensível ao aquecimento global em parte porque as tempestades do Atlântico devem provavelmente se mover para o norte, o que significaria mais sol e menos chuva.

Os cientistas reconstruíram climas do passado estudando pólen em camadas de lama em lagos. Mais pólen de carvalho, por exemplo, indicava climas úmidos e temperados, enquanto mais pólen de pinheiro indicava condições mais frias, afirmou o pesquisador.

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