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Melhoramento do trigo prioriza demandas do mercado

Potencial produtivo, precocidade e resistência a doenças orientam pesquisas


A cada ano, diferentes desafios são impostos aos pesquisadores em busca de novas variedades. No caso da triticultura, o mercado é que tem sido o grande orientador para o desenvolvimento de características que atendam às necessidades da indústria. Esta é a avaliação do agrônomo Luiz Alberto Campos, coordenador técnico para trigo da Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuária. Juntamente com parceiros como Embrapa e Iapar, a Meridional tem sido um suporte para o desenvolvimento de novas variedades para atender as regiões produtoras do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso. "Uma boa variedade é aquela que tem a qualidade que o mercado deseja, além de boa tolerância a alumínio do solo e à germinação da espiga e é claro, que tenha um bom potencial produtivo", analisa Campos.

Na safra 2005/06, a parceria com o Iapar resultou em duas novas cultivares: a IPR 128 e IPR 129. A IPR 128, por exemplo, veio para atender o mercado de alimentos integrais, pois tem um grão de cor âmbar, além de agregar outras características com boa sanidade e bom potencial produtivo, avalia Campos. Esta variedade foi lançada no ano passado e é indicada para o Norte do Paraná, Sul de Mato Grosso e Sul e Centro de São Paulo. "Por enquanto, não há semente disponível para o produtor porque está em fase de multiplicação", informa.

Já a IPR 129 é destacada pela sua ampla adaptação. "Tem bom desenvolvimento em todas as regiões de PR, SC, SP e MT onde foram avaliadas", explica Campos. O potencial produtivo também é atrativo, acima dos 3 mil kg por hectare.

Além destas, o pesquisador chama a atenção para a IPR 118, já há mais tempo no mercado. "Tem boa resistência à ferrugem da folha, boa capacidade de perfilhamento e bom potencial produtivo, principalmente, para solos de recuperação de pastagem onde os solos são arenosos", informa.

A precocidade é uma outra característica desejada pelos agricultores e, neste aspecto, a parceria com a Embrapa desenvolveu a variedade BRS 248, que tem como pontos fortes a resistência a brusone, manchas foliares e boa tolerância na germinação pré-colheita. É indicada para todas as regiões, menos para o MT. Este material foi lançado no ano passado e já está em fase de multiplicação.

A Embrapa também lançou, em parceria com a Fundação Meridional a cultivar BRS 249, de ciclo mais tardio e apresenta melhores rendimentos em altitudes acima de 600 m. É exigente em temperaturas mais baixas e tem elevado potencial produtivo, com boa resistência a ferrugem, oídio e vírus do mosaico. "A resistência a doenças também é fundamental para o sucesso de uma variedade e é uma das razões para estarmos sempre buscando novos materiais. Uma doença importante como a ferrugem, que ocorre todo ano, obriga a pesquisa a buscar soluções, pois todo ano surgem novas raças", explica o coordenador da Meridional, Luiz Campos . Além disso, o melhoramento também tem se dedicado a atender às necessidade do plantio direto. Pelo atual sistema de produção de sementes, as novas variedades levam no mínimo três anos entre o lançamento e a disponibilidade ao agricultor.

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