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Mercado da carne bovina está em recuperação

Segundo a FAO a perspectivas de crescimento é de cerca de 9%


Depois de vários ciclos de baixos preços da arroba bovina, o mercado tem sinalizado para uma recuperação da atividade. A afirmação é baseada na redução do abate de matrizes - intensificado nos últimos anos - e no aumento da demanda mundial pela carne, com perspectivas de crescimento de cerca de 9% das exportações brasileiras, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Além disso, no ano passado o preço da carne exportada teve um reajuste médio, em dólar, que variou entre 10% e 14%.

O assunto foi abordado pelo professor de Reprodução Animal, Pietro Sampaio Baruselli, da Universidade de São Paulo, durante aula inaugural do curso de atualização profissional e especialização Importância da bovinocultura de corte para o avanço quali-quantitativo da pecuária brasileira, ministrado pela Unopar. Segundo o professor, o Brasil é um dos países que lidera o conhecimento técnico e científico na produção de carne. No entanto, há dificuldades de transferência deste conhecimento para o campo.

O sistema de produção brasileiro é único, há muitas particularidades de manejo e, por isso, é importante o desenvolvimento de tecnologia direcionada para a nossa realidade, disse Baruselli. Em 2005 o agronegócio foi responsável por 27,9% do Produto Interno Bruto. Na composição do índice, a agricultura contribuiu com 70% e a pecuária com 30%. Além disso, o agronegócio totalizou 36,9% das exportações e empregou 37% dos trabalhadores formais. Projeções ainda indicam um incremento mundial no consumo de carne de 25 milhões de toneladas em três anos.

Neste quesito o Brasil também sai na frente porque tem maior disponibilidade para expansão de áreas agricultáveis. Conforme o professor, descontando floresta amazônica, reservas legais, plantações e pastagens já existentes, o País ainda pode explorar cerca de 90 milhões de hectares. O Brasil tem o maior potencial para o aumento da produção, tem custo baixo, qualidade e competitividade no mercado internacional, afirmou. Ele acrescentou que o País já conta com o maior rebanho mundial de bovinos e que o número de abates deve chegar a 45 milhões de cabeças neste ano. Em 94, foram abatidas 26 milhões de bovinos.

Do total produzido, cerca de 75% é direcionado ao consumo interno, enquanto 25% vai para o mercado internacional. O consumo per capita, que é de 36,6 quilos por ano, pode aumentar. Mas esse aumento vai depender do crescimento da economia e da renda do brasileiro e de ações conjuntas de marketing da cadeia produtiva, salientou Baruselli. Já as exportações de carne que não eram significativas em 96, atingiram recordes no ano passado, levando o Brasil a liderar o comércio mundial, superando tradicionais produtores como Austrália, Estados Unidos e Argentina.

No entanto, para que o Brasil domine o mercado externo é preciso cuidados com as questões sanitárias (como a febre aftosa e a vaca louca), ambientais (derrubada das matas), sociais (trabalho infantil e escravo) e com a qualidade da carne produzida. Precisamos recuperar o status sanitário, de zona livre de aftosa com vacinação, e aumentar o volume produzido para atender a crescente demanda mundial, principalmente, dos países em desenvolvimento, comentou o professor.

Eficiência

Para aumentar a produção, basicamente, o País tem que investir na reprodução animal. A produtividade ideal é que as matrizes tenham um intervalo entre partos de um ano, atingindo uma média de um bezerro a cada 12 meses. No entanto, a taxa de eficiência das fazendas brasileiras é de 50%, o que significa um parto a cada 18 meses. Este resultado poderia ser melhorado com a inseminação artificial e o cruzamento industrial. Atualmente, 94% das matrizes são inseminadas através da monta natural e apenas 6% com o método artificial.

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