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Mercado de commodities passará por teste de confiança em 2012

A soja pode se beneficiar do uso crescente das terras para cultivar milho


As commodities enfrentarão um teste de confiança em 2012. Os fundamentos que sustentaram esses ativos nos últimos anos, ou seja, o forte crescimento nos países emergentes aliado à demanda estável nos países desenvolvidos, estão sendo pressionados pela crise da zona do euro e por sinais de desaceleração na China.


Os investidores já estão preocupados: os fundos de hedge diminuíram a exposição a commodities em 50% de maio a dezembro, afirma o Barclays Capital, período em que o Índice de Commodities Dow Jones-UBS caiu 19%. Serão precisos em 2012 alguns sinais vigorosos para atrair de volta os antes fiéis investidores em commodities.

Os problemas da Europa têm um impacto que vai além da fraca demanda do continente por commodities. Enquanto os bancos da região se desalavancam, também recuam suas ofertas de financiamento comercial, a graxa que mantém a locomotiva das commodities funcionando normalmente. A demanda europeia menor por importações também significa menos atividade exportadora em países como China, onde a produção industrial já mostra sinais de contração. Enquanto isso, o combalido mercado imobiliário chinês — os preços já caíram em metade das cidades da China — pode diminuir a expansão da construção civil no país e, portanto, abalar a demanda por metais.

O acúmulo de riscos já deixou sua marca. A cotação dos metais industriais caiu 25% desde o fim de julho; os produtos agrícolas estão em queda de 21% desde o fim de agosto. Se o cenário macroeconômico piorar, algumas commodities podem cair mais que outras. O cobre, por exemplo, ainda está a uma cotação 85% maior que o custo de produção para as mineradoras do setor que têm custo mais alto, segundo o Barclays Capital. Já o preço do alumínio está apenas 22% acima do custo de produção do setor. E isso já está fazendo alguns produtores cortarem a oferta, o que significa que o alumínio pode se aproximar da cotação mínima.

De modo parecido, qualquer declínio na cotação do petróleo pode ser coibido por cortes na oferta dos países produtores. Governos como o da Arábia Saudita e da Rússia precisam de boas cotações no petróleo para equilibrar suas contas. Algo que pode complicar o setor são as divisões internas na Organização de Países Exportadores de Petróleo, como a disputa entre a Arábia Saudita e o Irã, que estão lutando pela supremacia regional, e o fato de que todos os integrantes da Opep terão que abrir espaço para a produção petrolífera crescente da Líbia e do Iraque.


Entre as commodities agrícolas, a soja pode se beneficiar do uso crescente das terras para cultivar milho. A demanda pode ultrapassar a oferta em 1,2%, afirmam previsões do J.P. Morgan, no que seria o primeiro déficit de soja desde 2009.

Fatores imprevisíveis continuarão sustentando algumas commodities. Uma repetição do inverno severo do ano passado no hemisfério norte pode aumentar a cotação de grãos, carvão e minério de ferro. Greves nas duas maiores minas de cobre do mundo ajudaram a sustentar a cotação do metal este ano. E o petróleo ainda se movimenta de acordo com os ventos da geopolítica e das ameaças de guerra.

Mas uma alta mais sustentada das commodities exigirá uma solução rápida da crise da dívida da zona do euro e sinais de que Pequim está conseguindo criar um pouso suave para a sua aquecida economia. As esperanças de que isso acontecerá têm alimentado o otimismo dos eternos investidores em commodities. O Goldman Sachs prevê que o petróleo do tipo Brent vai terminar 2012 a US$ 127,50 o barril, uma alta de 18%, e o cobre a US$ 9.500 a tonelada, em alta de 28%. Essas expectativas altas devem habitar a mente dos fiéis mais devotados das commodities ainda por algum tempo.

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