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Mercado de soja teme por demanda e excesso de ofertas


As últimas semanas foram marcadas por novo movimento de recuo nas cotações da soja no mercado de futuros da Bolsa de Chicago. Depois de ter encerrado o ano passado na casa dos US$ 5.50/bushel no contrato de março, apesar de algumas oscilações para cima e para baixo, nesta última semana o mercado vai encerrando pouco abaixo dos US$ 5.20/bushel, com queda aproximada de 5,5%. E três motivos básicos estão por trás dessa nova queda nas cotações.

O primeiro veio com certo arrefecimento do interesse consumidor, especialmente por parte da China, inclusive com alguns comentários sobre cancelamentos de compras já feitas anteriormente. Neste caso a preocupação não é das maiores, já que permanece a tendência de forte crescimento nos números de consumo para o mundo, em especial por conta dos chineses, ficando este movimento mais restrito a um movimento estratégico de curto prazo.

Ainda no caso da demanda, existe uma segunda preocupação e essa sim de gravidade talvez maior, que é a ocorrência de novos casos de mortes em função de gripe aviária no Vietnã (seis, nas últimas três semanas), o que traz o receio de que uma nova epidemia possa acontecer, nos moldes da ocorrida no ano passado. Em 2004, a gripe do frango se alastrou por 10 países e induziu ao abate de 100 milhões de aves, implicando em recuo no consumo de milho e de farelo de soja, que são os componentes básicos da ração animal. E a terceira variável, vem pelo lado da oferta, assunto que estaremos detalhando na seqüência, uma vez que está diretamente relacionado com o sentimento favorável predominante em relação à safra nova da América do Sul.

Embora houvesse a preocupação no início de janeiro com a estiagem observada em partes da região produtora da Argentina e no Rio Grande do Sul, as chuvas no final de semana anterior foram interessantes para a região e trouxeram de novo a percepção de que os dois países tendem a colher uma safra excepcional e recorde. Embora seja preciso dizer que as chuvas não voltaram a partir do fim de semana anterior, trazendo de volta as preocupações. Por esse motivo o mercado internacional se encontra sem força nas últimas semanas e mostra uma tendência a continuar assim no curto e médio prazo.

Para evitar esse processo, seria necessário que algo novo e significativo aconteça para inverter a direção dos preços. Pelo lado da demanda, a tendência continua de forte crescimento para este novo ano, em linha com as projeções para a economia mundial. Depois de ter crescido a uma taxa superior a 5% em 2004, sendo a maior expansão em 30 anos, o mundo tende a avançar entre 4 e 5% também em 2005, refletindo principalmente o recuo nos preços do petróleo, que tenderia a amenizar o efeito da elevação gradativa nas taxas de juros nos Estados Unidos.

Portanto, o receio maior fica por conta da possibilidade sempre presente de uma nova epidemia de gripe aviária. Pelo lado da oferta temos duas grandes variáveis com possibilidade de alterar o contexto do mercado mundial. A primeira, diz respeito à safra sul- americana, que começa agora o momento mais delicado de definição, já que a maioria das lavouras se encontra nas fases de floração e frutificação. Portanto, ainda com espaço grande para a ocorrência de problemas. Apesar de que, como veremos, a tendência seja bem melhor que a de igual período do ano passado.

E a segunda diz respeito à definição de área e de produção na safra nova dos EUA. Aqui pode estar um fator importante para a definição da tendência dos preços a partir do mês de abril, na medida em que existe a possibilidade de que a soma de preços baixos com o aparecimento da ferrugem asiática em partes importantes das regiões produtoras, leve os produtores norte-americanos a não aumentarem a área de soja, com chances inclusive de reduzi-la.

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