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Mercado indefinido impede “boom” do etanol

Até 2009, a demanda internacional por açúcar e álcool continuará retraída


Nos próximos dois anos, até 2009, a demanda internacional por açúcar e álcool continuará retraída – distante das projeções otimistas feitas pelo setor no Brasil e na contramão da continuação da expansão do setor no mercado interno. A análise é do professor doutor Olivier François Vilpoux. Segundo ele, a Europa tem três anos, a partir deste ano, para acabar com os subsídios incidentes sobre o açúcar exportado, o que abrirá grande mercado internacional ao produto brasileiro. "Até lá, o mercado para o açúcar deve continuar tímido. Se a produção nacional aumentar, os preços do produto no Brasil podem cair mais", disse o professor, ao lembrar que os subsídios europeus tiram competitividade do açúcar nacional no exterior, prejudicando a situação interna já que cerca de 60% da produção nacional é direcionada para as exportações.

Em relação ao etanol, o cenário também é de estabilidade na demanda internacional até 2009. Nos Estados Unidos, uma tarifa incidente sobre o etanol brasileiro, que não pode ser alterada até 2009, inviabiliza as importações do produto, de forma que as vendas àquele mercado não devem crescer nos próximos dois anos. Segundo Olivier, o Japão, mercado com forte potencial, tem "namorado" o etanol brasileiro, mas sem nenhuma compra.

Na prática, os principais países com potencial de importação do etanol não devem iniciar as importações enquanto o Brasil continuar com monopólio mundial da produção. "Nenhum país vai comprar e ficar dependente do álcool brasileiro, sendo que o país é o único fornecedor mundial. Os outros países temem ficar reféns do Brasil", revelou o professor.

Isso explica, segundo ele, o empenho do Governo Federal em visitar outros países e incentivar a produção de etanol em diversas nações. "O Brasil tem oferecido de graça a tecnologia para produção de álcool. Precisamos que outros países produzam para que os importadores tenham opções de fornecedores", disse. Se isso ocorrer, acrescentou Olivier, a forte competitividade do etanol produzido no Brasil ganhará novos mercados. "Diante do crescimento da produção nacional e da indefinição dos mercados importadores de álcool e açúcar, os preços dos dois produtos já caíram neste ano no Brasil em decorrência da maior oferta", explicou. Segundo ele, o mercado do etanol é promissor, mas não está deslanchando. "Isso já tem retraído o otimismo inicial. O mercado vai crescer, mas não tão rápido, nos dois próximos anos, como se esperava", estimou o professor, ao destacar os fortes investimentos internacionais em pesquisas para produção de etanol a partir de celulose, o que pode concorrência ao etanol de cana.

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