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Mercado sofre com especulação

O preço médio da saca, que tem se mantido estável nos últimos cinco anos, em 2009 alcançou os R$ 225,00


"A cafeicultura brasileira vive uma crise de renda, com um descompasso entre os custos de produção e o valor recebido pelos produtores". A avaliação é de Paulo Franzini, secretário executivo da Câmara Setorial do Café. O preço médio da saca, que tem se mantido estável nos últimos cinco anos, em 2009 alcançou os R$ 225,00.

Dois componentes principais transformam o custo de produção num dos grandes vilões da cafeicultura. O primeiro é a mão de obra, que representa 40% do custo; o outro são os fertilizantes, que respondem por um percentual entre 15% e 20%. Estes são importados e no ano passado, com aumentos exorbitantes, agravaram a situação.

O custo da mão de obra tem como agravante o fato de estar atrelado ao salário mínimo. Segundo Franzini, o salário mínimo tem tido aumentos reais, e no Paraná o valor é ainda maior.

O preço do café não segue a dinâmica de outros produtos agrícolas. "O produtor sofre dupla pressão: quando vai adquirir insumos, ele pergunta quanto custa; ao vender a sua produção, ele pergunta quanto o comprador vai pagar", diz Franzini.

O mercado também não obedece os critérios da demanda e procura. Ao contrário do que ocorre com outros produtos, a escassez de oferta e incremento de consumo não refletem positivamente no preço. Como explica o secretário da Câmara Setorial, atualmente no Brasil os estoques estão baixos, não há aumento de produção e o consumo tem crescido. Porém, os cafeicultores continuam recebendo pouco pelo produto.

Segundo Franzini, o mercado do café é mais vulnerável à especulação. Os papéis são a principal meta de investidores. "Os fundos são compostos de uma série de produtos, como metais e agrícolas. Quando há procura, os valores aumentam", diz.

Questões relativas à cafeicultura frequentemente mobilizam o setor. Na década de 1990, o Plano de Revitalização da Cafeicultura tinha como objetivo o aumento da produtividade, que na época era de 7 sacas por hectare. "O produtor já mostrou sua eficiência, adotando tecnologias e se dedicando à cultura. Hoje a produtividade do Paraná é de 27 sacas, a maior média nacional", afirma. Porém com as dificuldades do setor e eventos climáticos, a produtividade este ano não deve passar de 18 sacas.

Nesse momento, o objetivo é alcançar renda compatível com a cultura, que segundo Franzini deveria ser de pelo menos R$ 300,00. E há bastante espaço para crescimento. Franzini calcula que no Paraná existe demanda para 3 a 4 milhões de sacas por ano, mas a produção atualmente está estimada em 1.590 sacas. Hoje são cultivados 98 mil hectares. No ano 2000,segundo o Deral, a área cultivada chegou a 170 mil hectares.

O café é uma cultura importante para a economia e emprega cerca de 70 mil pessoas ao ano, além das 200 mil durante o período da colheita. Franzini lembra que em muitos municípios é um grande gerador de renda, que acaba ficando na localidade.

O café parananense, que tinha a pecha de produto sem qualidade, está obtendo nova classificação. "Novas campanhas proporcionaram a melhoria da produção e agora a quantidade não é só a característica principal do Estado. O nosso produto também é reconhecido como de qualidade", afirma.

O esforço dos produtores é recompensado com um bom desempenho nos concursos nacionais de qualidade. O Paraná obteve a primeira colocação no certame de 2006 e ficou nos primeiros lugares dos concursos de 2007 e 2008. 

O ca­fé em­pre­ga 70 mil/ano e ­traz ren­da a pe­que­nos mu­ni­cí­pios.

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