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Mercosul unido contra controle de preços de commodities

Ministros de 6 países anunciam estratégia para enfrentar controle de preços


O aumento dos preços de produtos agrícolas e a volatilidade das commodities no mercado internacional motivaram ministros da Agricultura de seis países da América do Sul a esboçar uma estratégia comum para enfrentar o tema. A iniciativa da França de controlar os preços das commodities levou o Conselho Agropecuário do Sul (CAS), composto pelos ministros de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, a manifestar descontentamento com a proposta.

"Só há uma maneira de baixar os preços dos alimentos: aumentar a produção no campo. E a América do Sul é um dos poucos lugares do mundo, além da África, com terras férteis e condições para ampliar a oferta de produtos agrícolas", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi. A rejeição à proposta de controle de preços foi levantada na reunião por iniciativa de Brasil e Argentina. Rossi é presidente do Conselho Agropecuário do Sul.

A idéia de criação de mecanismos para deter a alta dos preços das commodities, defendida pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, foi considerada pelos seis países integrantes do CAS um desestímulo à produção agrícola. Sem citar a França, em documento oficial, o conselho mostrou-se unido contra a proposta.
"Algumas iniciativas de países desenvolvidos, que querem centrar o combate contra a insegurança alimentar com mecanismos que limitam os preços internacionais das commodities, desincentivam a produção agropecuária nos países que têm vantagens comparativas e competitivas para alimentar o mundo".

A declaração é assinada pelos ministros Julián Domínguez (Argentina), Nemesia Achacollo (Bolívia), Wagner Rossi (Brasil), José Antonio Galilea (Chile) e Enzo Cardoso (Paraguai), além do vice-ministro de Agricultura do Uruguai, Daniel Garín. Eles não apenas reiteraram a defesa do livre comércio, como também acreditam que o tema deve ser colocado no centro das próximas negociações de Doha.

Na nota, os ministros apontam que a volatilidade atual dos preços dos alimentos e das commodities agrícolas não é "significativamente superior à média histórica". E mais. Consideram que a alta dos preços dos alimentos não é "a principal causa da insegurança alimentar" no mundo, mas a pobreza estrutural à qual está submetida grande parte da população mundial. "Mais de 1 bilhão de pessoas se encontram afetadas por este flagelo", apontam os ministros na declaração.

Perspectiva histórica
A questão da volatilidade dos preços das commodities agrícolas foi analisada na manhã desta sexta-feira, 1º. de abril, pelo secretário de Política Agrícola do Brasil, Edilson Guimarães. Ele fez uma apresentação às autoridades ligadas à agricultura e pecuária, reunidas desde quinta-feira em Buenos Aires, para a 20ª Reunião do Conselho Agropecuário do Sul. Além dos ministros de Agricultura e representantes dos governos vizinhos, participaram representantes do setor privado e especialistas.

Com base em dados históricos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros estudos apresentados na última reunião do G20 – o grupo dos 20 países mais ricos do mundo –, Guimarães mostrou que não há como estabelecer mecanismos para o controle dos preços.

"Nos últimos 40 anos, os preços das commodities agrícolas só tiveram pico de alta em função das três grandes crises econômicas mundiais: a do petróleo (anos 70), a dos pa íses asiáticos (anos 90) e a de 2008", disse.
Segundo Guimarães, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou, recentemente, estudo mostrando que os fundos de investimentos dão maior liquidez aos mercados. Ele diz que esse é um dos argumentos para atestar que os fundos não são, portanto, os responsáveis pelo aumento dos preços das commodities.

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