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Mesmo moderado, El Niño promete espantar estiagens

Há risco de tempestades entre o fim da atual safra de milho e o plantio de verão


Fenômeno pode perder força logo, mas há risco de tempestades entre o fim da atual safra de milho e o plantio de verão

Ao contrário da última safra de verão, quando o fenômeno La Niña trouxe estiagem e provocou quebra nas lavouras de grãos da Região Sul, os produtores deverão contar com clima favorável durante a temporada 2012/13. A razão é o retorno do El Niño, resultante do aquecimento das águas no Oceano Pacífico. Os especialistas ainda não chegaram a um consenso sobre sua intensidade, mas dizem que o fenômeno já começou a espantar as estiagens.


De acordo com os meteorologistas, cresce a probabilidade de haver mais chuvas para os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mesmo que a intensidade do El Niño seja entre fraca e moderada. Os especialistas ainda não conseguem precisar como será exatamente a condição climática do verão, e orientam os produtores acompanharem os dados que estão surgindo aos poucos.

Os primeiros efeitos do El Niño, como a melhor distribuição e o aumento das chuvas, já podem ser observados, destaca Luiz Renato Lazinski, do Instituto Na­­cional de Me­­teo­­rologia (In­­met). “A primavera costuma ser chuvosa e, com o El Niño, deve ser ainda mais. Isso pode afetar o plantio, mas é melhor do que se ocorresse seca”, explica.

Para ele, o evento deverá ter intensidade moderada, o que garante chuvas até o inicio do verão. “A umidade é favorável ao cultivo do milho, que se desenvolve melhor quando chove mais”, complementa.

Alexandre Aguiar, da MetSul Meteorologia, também acredita que para esse ano o evento não deve ter grande força. “A maioria dos modelos climáticos analisados sinalizam um El Niño fraco em 2012. Ainda assim, ele pode atingir força moderada em alguns momentos”, pontua.

Apesar disso, Aguiar ressalta que isso não descarta chuvas fortes, mais intensas inclusive do que as de 2009/10. “No Paraná, podem ocorrer precipitações acima da média no segundo semestre na Região Oeste, o que pode afetar o plantio da safra de verão”, alerta.

O meteorologista do Si­­mepar Samuel Braun concorda que o evento deve ter menor intensidade, mas com garantia de chuvas.

“Provavelmente, haverá chuva na primavera e verão próximo ao normal, com tendência de alta”. Ele não aposta em impactos negativos para a produção de grãos. “Em situações de El Niño, a agricultura tende a encarar menos perdas”, pontua.

Para Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia, a condição do campo para esse plantio deverá ser similar à da safra 2009/2010. “A chuva deverá ocorrer na forma de pancadas, sem longos períodos de duração e com janelas de tempo seco. O período mais intenso deve ser de setembro a novembro.”

Mesmo assim, os especialistas consideram ainda cedo para se bater martelo sobre como será o clima do início ao fim do ciclo de verão. “Trata-se de uma incógnita, pois não se sabe se o El Niño deverá ter força para se manter até o fim da estação. Por enquanto, tudo indica que deverá chover acima da média”, relata Santos.


Técnicos sustentam que plantio escalonado ainda é a melhor opção

A possibilidade de chuvas mais intensas no período da primavera exige que o produtor utilize estratégias adequadas para não encontrar dificuldades na hora do plantio, do manejo e da colheita. De acordo com Alexandre Aguiar, da MetSul, a alternativa mais segura é realizar o processo em etapas.

“Nossa recomendação é sempre escalonar o plantio, evitando a concentração em determinado período, para uma redução dos riscos”, diz. A antecipação no plantio de soja registrada no ano passado, ligada à intenção de ampliar, na sequência, o cultivo de milho, teria reduzido a produtividade da oleaginosa.

Para quem não deseja fazer o escalonamento, tanto na soja quanto no milho de verão, a indicação do agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, é antecipar o plantio. “Nas culturas de verão, quando se adianta [o plantio] para agosto, é possível aproveitar as chuvas de setembro. Basta acompanhar a previsão de curto prazo, de até 7 dias, para evitar uma sequência sem chuva”, explica.

Essa tática permite a antecipação do plantio do milho safrinha, mas não é consensual. Os pesquisadores da Embrapa Soja alertam que a antecipação amplia o risco de a soja enfrentar escassez de chuva no florescimento e na frutificação, entre novembro e dezembro.

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