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MG: Carne de porco sobra na mesa, mas falta no campo

Aumento na demanda faz com que produtores se apressem para incrementar a oferta


Aumento na demanda pela carne suína faz com que produtores se apressem para incrementar a oferta, que já é insuficiente
 
Preços até 50% inferiores aos da carne de boi e os teores menores de gordura turbinaram o consumo dos cortes suínos em Minas Gerais, pegando de surpresa os criadores. Com a chegada das festas de fim de ano, faltam animais para atender a demanda nas granjas de praticamente todas as regiões produtoras do estado. A oferta da carne suína nos açougues tem de ser garantida junto a fornecedores de São Paulo, do Paraná e Santa Catarina, mas os produtores mineiros já estão se mexendo para investir e compensar a desvantagem. Desde o começo de novembro, a oferta de animais ficou aquém das vendas, de acordo com a Associação dos Suinocultores de Minas (Asemg). Conforme o levantamento mais recente da bolsa de negócios do setor relativa à terceira semana de novembro, a oferta foi de 19,842 mil cabeças, ante um volume vendido de 20,889 mil cabeças.

As previsões semanais da oferta neste mês, até dia 22, indicam no máximo 20,5 mil cabeças, portanto abaixo das vendas efetivas registradas em novembro. Os produtores verificaram procura extra dos frigoríficos, de acordo com a Asemg. “O consumo está bem firme e a tendência é de continuar subindo. As nossas granjas é que não dão conta de atender toda a demanda do estado”, afirma o produtor João Bosco Martins Abreu, presidente da Asemg.

Conforme dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), em 2010 foram recadastradas e georreferenciadas no estado 1.518 granjas que comercializam suínos, com 243.331 matrizes e 2,513 milhões de suínos, ao todo. A produção anual mineira gira em torno de 580 mil toneladas, com polos produtores no Centro-Oeste, Triângulo e Sul do estado. A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) estimou um aumento do consumo neste ano de mais de meio quilo por habitante no Brasil.

O comércio vê, de fato, os ventos favoráveis à carne suína numa disputa que cresce nesta época do ano. Pedro Edson Menezes, proprietário do Frigorífico Montalvânia, com três lojas em Belo Horizonte, espera um salto de 80% das vendas da carne suína neste mês, frente a novembro. O consumo na beirada do balcão cresceu algo em torno de 50% nos últimos dois anos, impulsionado pelo vácuo dos preços, comparados aos dos cortes bovinos e em decorrência da produção de animais com menos gordura.

VANTAGENS “O consumidor aprendeu a comer mais a carne de porco, depois de comparar os preços”, diz Pedro Menezes. Num feriado de grande movimento nas lojas, a quinta-feira (8) confirmou a preferência por cortes suínos. Os preços do quilo de pernil, costelinha e lombo, variando de R$ 10 a R$ 12,90, eram quase os mesmos oferecidos pela carne de boi de segunda, como pá e acém. Para a vendedora autônoma Patrícia Rabelo, o orçamento destinado às carnes pesou em excesso neste ano, nos gastos com os cortes de boi. “A carne bovina de primeira ficou 30% mais cara. Impressiona ver que uma família gasta pelo menos R$ 20 só com a carne num único almoço e na faixa de R$ 50 para comprar um quilo de picanha”, reclama. A carne suína ficou mais presente no cardápio da família de Patrícia, que na quinta-feira começou a pesquisar os preços da leitoa para o Natal.

Em lugar da picanha tradicional, o médico Tiago Soriano e os amigos também resolveram comprar picanha suína, encontrada a R$ 18 por quilo, para os churrascos frequentes dos fins de semana. Soriano recomenda que o consumidor observe outros dois aspectos, além do preço, para fazer a substituição da proteína: “O ideal é procurar a carne de porco mais magra e de boa qualidade antes de definir a compra pelos preços”, afirma.

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