Micróbios das vespas protegem descendentes de pesticida
Isso já acontece na primeira exposição
Os micróbios intestinais de algumas vespas ajudam elas e seus descendentes a sobreviverem a pesticidas como a atrazina. Isso porque a exposição ao defensivo ocorre como se fosse uma vacina, tornando os insetos mais resistentes.
“Após uma única exposição a alguns produtos químicos, xenobióticos, o microbioma intestinal pode ser afetado permanentemente", diz o principal autor do estudo, Robert Brucker, da Universidade de Harvard. "A exposição pode ter mudanças duradouras nas gerações futuras, mesmo após eliminar o risco de exposição", completa.
Os agroquímicos usados para fertilizar as culturas e controlar as espécies de pragas representam um dos maiores riscos de exposição aos xenobióticos para muitos organismos, dizem os pesquisadores. O herbicida atrazina é o segundo pesticida mais vendido no mundo. Estudos anteriores mostraram que a atrazina tem vários efeitos nos animais hospedeiros, mas pouco se sabe sobre como as substâncias químicas xenobióticas ambientais alteram o microbioma intestinal.
Para resolver essa questão, Brucker e sua equipe examinaram o impacto da exposição à atrazina sub-tóxica aguda ou contínua nas espécies de vespas do modelo Nasonia vitripennis em 36 gerações. A análise do transcriptoma e do proteoma da vespa revelou que a exposição a 300 partes por bilhão (ppb) de atrazina, semelhante à concentração encontrada pelos polinizadores em campos recentemente pulverizados e riachos agrícolas, pode alterar a imunidade, função mitocondrial e o comportamento de N. vitripennis.
Na primeira geração, a exposição a 300 ppb de atrazina alterou a estrutura da comunidade bacteriana da vespa, resultando em um aumento na diversidade de microbiomas e na carga bacteriana geral. Mesmo a exposição a uma concentração mais baixa de 30 ppb de atrazina causou uma mudança no microbioma que persistiu em gerações sucessivas.