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Milho: Custo 25% acima do preço

Preços estão abaixo do custo em MT


Enquanto produtores fazem as contas e buscam estratégias para minimizar pressão baixista, produção ameaça ‘explodir’

A dobradinha de preços altos e produção recorde que ditou o ritmo do mercado do milho, especialmente em Mato Grosso, no ano passado não deverá se repetir em 2013, pelo menos numa visão de curto prazo, que considera o contexto atual em que o custo de produção de uma saca supera em 25,6% o valor previsto para o cereal, em julho, assim que alguns volumes começarem a sair das lavouras.


Com indicações de preços futuros – julho - de R$ 11 no médio norte do Estado, a saca crava o terceiro menor valor já vivenciado pelo Estado nos últimos cinco anos. O momento atual destoa do vivenciado em plena colheita da safra passada - quando por força da demanda em uma perspectiva de oferta escassa a cotação explodiu – porque naquele momento se tinham indicações de preços de quase R$ 20 para um custo médio de produção de saca a R$ 14. Agora, a menos de um mês para o início da colheita, os preços estão abaixo dos R$ 14,80, valor médio para se produzir a saca.

Somente em Lucas do Rio Verde, berço da produção do milho segunda safra, o valor da saca de janeiro a maio deste ano caiu R$ 15,38%, passando de R$ 17,83 para R$ 15,10. Estendendo a análise para a cotação no mercado futuro, em R$ 11, a redução vai a 38%.

No histórico local, o ano de 2010 apresentou a pior média, de R$ 7,75 para a saca. Neste ano ocorreu intervenção governamental para garantia do preço mínimo. Como comparação, no ano passado observou-se o maior recorde de preços. Se lá em meados de 2012 a saca bateu quase R$ 20, hoje ela se aproxima da temível cotação de R$ 10, que não sustenta a produção porque não remunera os altos investimentos aplicados às lavouras e nem não tão pouco cobre os custos produção.

A reversão de cenário decorre da estimativa de produção recorde de milho, que reforça ainda mais as indicações de preços baixos para a saca do cereal em julho. Com lavouras em pleno desenvolvimento e beneficiadas pelas precipitações, ainda regulares no interior de Mato Grosso, a produção foi revisada pela segunda vez neste ano e deve superar o recorde do ano passado, de 15,58 milhões de toneladas para mais de 16 milhões.

Como exemplifica o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), dentro desse contexto, a expectativa para julho deste ano gira em torno dos R$ 11 por saca em média, para a porção médio norte do Estado. A média em julho de 2012 atingiu R$ 19,46 a saca, “tendo sido este o melhor cenário para o produtor, com produção volumosa e preços atrativos”, apontam os analistas da Cadeia de Grãos do Imea.


Como destaca o órgão, durante o sétimo mês do ano, é normal que o preço da saca sofra alguma desvalorização devido ao aumento da oferta do cereal no mercado com a ocorrência da colheita.

“Existe uma pressão de baixa sobre o milho, não apenas pela indicação de mais uma safra recorde em Mato Grosso, como também no país e pela perspectiva de um bom ciclo nos Estados Unidos”, avalia o gestor do Imea, Daniel Latorraca. O analista frisa que considerando o atual contexto, ainda não se enxerga uma reversão de tendência em função da oferta prevista. “Tivemos alta pontual esses dias e podemos ter outras, na Bolsa de Chicago, mas ela refletiu pontualmente o atraso no plantio do Estados Unidos, em cerca de 37 pontos percentuais em relação ao ano passado. Essa valorização foi direcionada ao cereal disponível e não ao futuro, que é o que nos interessa”.

Como pontua ainda, uma sustentação de preços mais atrativos depende da condução das lavouras nos Estados Unidos, maior produtor e exportador mundial do cereal, que pode sofrer com problemas climáticos, “só assim poderá haver uma reversão de tendência, mas não dá para se ter uma ideia se será suficiente. De todo modo, vale à pena o produtor ficar de olho e tentar usufruir das oscilações positivas do mercado”.

LAVOURAS - No início do plantio desta safra de milho, as expectativas de produtividade para Mato Grosso mantinham-se em patamares tímidos. No entanto, com o desenrolar do ciclo da cultura e com as chuvas novamente favorecendo o desenvolvimento do cereal, algo que parecia impossível aconteceu: o recorde de produção de milho para o Estado tende a ser batido nesta safra. A produtividade, que já se encontrava em patamares altos, 88 sc/ha, subiu para 96 sc/ha. Consequentemente, a produção se elevou. Embora o rendimento por hectare ainda seja o segundo melhor para Mato Grosso, a nova produção esperada de 16,05 milhões de toneladas é o maior volume já visto no Estado, superando a safra passada em 3,5%. A região médio-norte, que tradicionalmente apresenta as maiores produtividades, continua na liderança. A nova estimativa aponta 100 sacas em média para a região.

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