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Milho caro reduz produção de aves e suínos

Cerca de dois terços da ração animal são compostos de milho


A alta do preço do milho no mercado internacional vai reduzir a criação de aves no país em 15%. Situação semelhante deve ocorrer na suinocultura, com uma diminuição na oferta estimada em 10%. A comodity, que subiu 60% no segundo semestre por causa de fenômenos climáticos nos Estados Unidos, encareceu a produção da ração animal em torno de 60%.


Cerca de dois terços da ração animal são compostos de milho. Outro terço é de soja, que também sofreu um aumento de 100% no mesmo período. A ração animal é responsável por 75% dos custos de produção na avicultura e 80% na suinocultura.

Reequilibrio

O setor de aves, que produz a carne mais consumida no país, espera que a redução da oferta reequilibre o preço no mercado consumidor.

“Os custos aumentaram 33% nos últimos quatro meses e não conseguimos repassar esse aumento para o consumidor. Reduzimos a produção em 15% no começo de agosto”, diz, o presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA), Dario Mascarenhas, como o frango demora 68 dias para estar pronto para o abate, os avicultores esperam que agora, no final do mês, já haja uma redução da oferta e que isso melhore o preço em 15%.

A dificuldade em repassar o aumento do valor da produção vem do crescimento da oferta do frango no mercado interno. As reduções na exportação, para onde se delimitam 30% da produção brasileira de carne de frango, contribuíram também.

“A perda de 3% a 5% do mercado externo este ano atrapalhou o mercado de carne de frango”, acredita o ex-presidente da ABA e proprietário da indústria de ração animal Vitaly, Marcelo Plácido Correa.

Na produção baiana de frango, que abastece 55% do mercado interno, quem mais sofreu a influência da lata do milho foram os pequenos produtores. Eles representaram metade dos criadores locais.

Atual presidente da associação Baiana de Suinocultura (ABS), Marcelo Plácido afirma que a descapitalização também afetou os suinocultores. “Essa redução na avicultura é uma estratégia forçada. O produtor teve que reduzir porque estava sem dinheiro”, afirma Plácido.


Ele conta que o preço nada carne suína teve uma queda de 19,35% nos últimos três meses por conta da alta do preço da ração e da queda das exportações para a Rússia, principal consumidor estrangeiro, o que reduziu as vendas do país em 20%.

“Apesar de a Bahia não exportar essa carne nem a de ave, o mercado é um só, e isso acabou influenciando no preço de comercialização dos produtores locais”, destaca o presidente da ABS.

A volta do comércio com os russos, no final de setembro, já trouxe o preço da carne próximo ao valor habitual de R$370 o quilo. O presidente da ABS credita que a redução da criação pode elevar o seu valor de comercialização nos próximos meses. “Devemos ter novembro e dezembro, talvez não tão drástico por conta da redução no preço do milho no mês de setembro”, avalia.

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