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MILHO/SORGO: aumenta competitividade brasileira no mercado externo


O comércio internacional do milho tem atualmente um perfil muito diferente de quatro anos atrás, quando os Estados Unidos comandava mais de 3/4 do mercado mundial. Desde a safra 1998/99 o comércio mundial do milho expandiu-se em cerca de 7,0 milhões ton, chegando a 75,7 milhões ton, enquanto a participação dos EUA reduziu-se em torno de 5 milhões ton, atingindo 47 milhões ton.

China, Argentina e Brasil ganharam mercados nos últimos anos, ao lado da redução da participação americana.

A ampliação das exportações da China, combinada com suas vantagens relativas de frete marítimo e os suportes governamentais, possibilitou ao país dominar o mercado asiático, especialmente na Coréia do Sul, Malásia e Indonésia. Na Coréia do Sul, por exemplo, a China substituiu os EUA como o maior fornecedor. Os preços mais altos nos EUA nesta safra também contribuíram para que a China mantivesse seus agressivos programas de exportação.

Apesar da clara vantagem marítima, a China somente manterá os atuais níveis de exportação caso haja uma renovação das ajudas do Governo local.

A Argentina também vem ocupando importantes mercados que antes eram dominados pelos EUA, tais como Egito, Arábia Saudita, Tunísia e algumas regiões africanas. O desenvolvimento em sua infra-estrutura de transporte ajudará a Argentina a manter sua margem de competitividade no mercado internacional, ao passo que a posição brasileira nas exportações mundiais ainda depende de um relativo superávit na produção nacional em relação ao consumo interno. Nos últimos 04 anos o Brasil também deixou de ser um importador para se tornar exportador líquido de milho.

O Brasil é hoje o quarto maior exportador individual de milho no mundo, atrás dos EUA, China e Argentina. Somente perderia esta posição para a África do Sul, caso exportasse nesta safra um montante inferior a 1,0 milhão ton, o que ainda não está sendo considerado.

Um provável superávit na produção brasileira neste ano pode favorecer a manutenção dos níveis de exportação de milho no Brasil, que no ano passado atingiu cerca de 2,7 milhões ton. Entre milho e sorgo, a oferta nacional pode superar 40,0 milhões ton nesta safra. Se considerarmos uma demanda média em torno de 36,7 milhões ton, chegamos a um possível superávit de milho/sorgo superior a 3,0 milhões ton. Ou seja, poderá haver um superávit interno que permita ao País manter um nível de exportação até mesmo superior a 1,5 milhões ton em 2003.

Outro fator que pode favorecer as exportações é sem dúvida um declínio acentuado dos preços internos, o que também é pouco provável neste momento.

De outro lado, os baixos estoques disponíveis de milho e o custo inviável nas importações são fatores que certamente refletirão em uma forte demanda por parte dos consumidores ainda neste primeiro semestre. Mas há uma certa incerteza dos parâmetros de preços que remunerarão o milho para o período de safra. Por enquanto, além do lento avanço na colheita, a paridade de exportação tem sustentado e de certa forma direcionado os preços no País, especialmente na região Sul.

ta saber, se os consumidores estarão dispostos a remunerar o milho nestes primeiros meses de colheita pela paridade de exportação, especialmente em regiões como no Paraná, com maior proximidade dos portos. De acordo com a variação diária do câmbio, a paridade de exportação tem oscilado entre R$ 22,0 a 23,0/sc, FOB Paranaguá, mantendo uma relação de menos de R$ 2,0/saca com os indicadores nas regiões produtoras paranaenses.

Os parâmetros externos são favoráveis às exportações brasileiras, em especial com a redução da competitividade e das vendas americanas nesta safra, assim como as expectativas de que a Argentina ainda não amplie seus mercados neste ano. Com o mercado em Chicago operando em torno de US$ 95,20/ton, cerca de 10% acima do mesmo período do ano passado, nossas estimativas indicam que a paridade de exportação FOB Paranaguá possa girar entre US$ 100,0 a 105,0/ton (US$ 6,15/60 kg) durante os próximos meses de colheita no Brasil. Na manutenção dos atuais níveis do mercado internacional, o câmbio será a única variável influente nesta paridade.

Se as nossas estimativas de paridade de exportação se confirmarem, acreditamos que os consumidores serão tecnicamente "forçados" a remunerar o milho com base no mercado externo, ou correrão sérios riscos de perderem o produto rapidamente para outros países. O dólar mais valorizado este ano está contribuindo para aumentar a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional.

Por enquanto, levando em consideração apenas os valores negociados na BM&F/SP, a projeção mínima de preços da SoloBrazil para o período de safra (março/maio) está em R$ 16,74/sc nas áreas produtoras da região Centro-Sul. Para o 2° semestre, a mesma paridade indica valores mínimos em torno de R$ 19,74/sc entre os meses de julho a setembro.

A projeção de preços da SoloBrazil para o período de safra, é resultado da média entre São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso. Entre março/maio de 2003, os produtores do PR poderão estar recebendo no mínimo pelo milho R$ 16,96/sc, SP (R$ 18,02/sc), GO (R$ 17,21/sc) e MT (R$ 14,76/sc).

Para o sorgo, considerando a proporção de 70% do preço do milho, nossas estimativas indicam níveis mínimos de preços em torno de R$ 13,34/sc ao produtor em Goiás durante o mês de julho/2003.

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