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Minas Gerais atrai projetos e aportes das usinas


Minas Gerais traçou um plano de meta para se tornar auto-suficiente na produção de açúcar e álcool até 2007. Nos próximos três anos, a partir deste, o Estado deverá receber investimentos de US$ 210 milhões na construção de sete novas usinas sucroalcooleiras. Desse total, cerca de US$ 90 milhões já estão confirmados com a expansão de grupos sucroalcooleiros nordestinos no Estado.

Com uma política de incentivos fiscais atraente aos empresários e terras até 65% mais baratas que em São Paulo, os empresários vêem Minas Gerais como uma nova fronteira para a cana. Os incentivos fiscais oferecidos pelo governo mineiro são parecidos com os do Mato Grosso, que foram considerados fundamentais para o crescimento da soja no Centro-Oeste do país a partir da década de 70.

Segundo Eduardo Lery Vieira, subsecretário da Indústria, Comércio e Serviços da Secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas, os incentivos concedidos pelo governo resumem-se ao recolhimento de um percentual de 30% a 60% menor de ICMS, conforme os projetos apresentados pelas indústrias que pretendem investir no Estado, além da concessão de maior prazo de carência e amortização. "As empresas utilizam os recursos deduzidos como capital de giro para o novo negócio".

Com 21 usinas em todo o Estado, a maioria concentrada no Triângulo Mineiro, a produção de Minas soma 18,9 milhões de toneladas de cana, 32% menos que a moagem do grupo Cosan, a maior companhia do setor no país, dona de 13 usinas de açúcar e álcool.

Maior bacia leiteira do país e maior produtor de café, Minas Gerais decidiu que quer ter maior relevância no cenário sucroalcooleiro e, para isso, conta com um importante articulador. O executivo Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Minas, tem sido a ponte do governo para atrair investidores "externos". Mineiro de fala mansa, Cotta acredita que o Estado poderá transformar-se, em três anos, no segundo maior produtor de cana do Centro-Sul, desbancando o Paraná.

Segundo ele, os nordestinos, principais investidores do Estado, vão desembolsar em torno de US$ 90 milhões na construção de três novas usinas. O Grupo Coruripe, da família Tércio Wanderley, de Alagoas, com duas usinas em Minas, está mais adiantado neste processo. Eles já estão construindo uma planta em Limoeira do Oeste, com operação prevista para 2005. Os grupos Carlos Lyra e João Lyra, os maiores do Nordeste, anunciaram em 2003 investimentos de R$ 100 milhões cada um, conforme apurou o Valor, mas ainda não definiram onde vão construir as unidades.

Os outros quatro grupos são os paulistas Vale do Rosário, Balbo, São João (Araras) e Moema, de acordo com o subsecretário do Desenvolvimento, Lery Vieira, e fontes do setor. Procuradas, as usinas Vale do Rosário e São João confirmaram o interesse nos investimentos, mas não deram detalhes. As usinas Moema e Balbo não retornaram as ligações. De acordo com Lery, as negociações já ocorrem. "Estamos em fase de namoro".

Pesam a favor desses investidores as boas condições de solo e de clima do Estado, além dos bons preços da terra comparados com São Paulo, que responde por 60% da produção do país. Levantamento da FNP Consultoria & Comércio mostra que a terra para cana em Ribeirão Preto e Sertãozinho, principais pólos produtores paulistas, estava cotada a R$ 12.462 (o hectare) em 2003, com alta de 23% sobre o ano anterior. O mesmo pedaço de terra em Uberaba (MG), por exemplo, estava a R$ 5.100, com elevação de 35% sobre 2002.

A queda dos preços do açúcar e do álcool, que deverá ter um ciclo de baixa nos próximos dois anos, pode reduzir o ritmo dos investimentos, mas não inibirá a expansão da região, diz Cotta.

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