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Mineiros desfrutam de tecnologia para processar polvilho de araruta

Com o apoio da Emater-MG, produtores rurais de Felixlândia, Juiz de Fora e Três Marias usam o mesmo maquinário empregado na agroindústria de mandioca


Com o apoio da Emater-MG, produtores rurais de Felixlândia, Juiz de Fora e Três Marias usam o mesmo maquinário empregado na agroindústria de mandioca


A mesma tecnologia empregada na fabricação de polvilho de mandioca pode ser adaptada à produção de fécula de araruta. Esta foi a conclusão a que chegou um grupo de produtores da agricultura familiar de Juiz de Fora, Felixlândia e Três Marias. Ao lado de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), o grupo participou de recente treinamento prático em uma agroindústria de processamento de mandioca, localizada na comunidade de São Geraldo do Salto, em Felixlândia, município da região central mineira. A iniciativa foi promovida pela Emater-MG.


“Testamos os equipamentos e o resultado foi muito positivo. Podemos afirmar que é possível a utilização deles para a extração do polvilho de araruta”, assegura a coordenadora técnica estadual de Agroindústria, Maria da Graça Lima. Segundo Graça, o processamento da araruta é feito de forma ainda rudimentar, não havendo conhecimento de maquinário especifico para a atividade.

De fato o “grande gargalo da atividade está no processamento da araruta”, concorda o extensionista de Bem-estar Social do escritório de Juiz de Fora, Cândido Antônio Rocha. Ele, que atua no projeto do banco de sementes e mudas de hortaliças não convencionais do município, sabe do potencial econômico da araruta e dos obstáculos técnicos no processamento artesanal. “Para uma produção maior de polvilho, fica inviável da forma que é hoje. Por isso, é importante um treinamento para adaptações de equipamentos”, explica.

De acordo o extensionista, a atividade exige investimento em bons equipamentos, além de pesquisa e organização dos produtores em associações e a devida adequação à legislação vigente da agricultura familiar. “Esse é um grande desafio, mas é um trabalho bastante promissor”, argumenta, afirmando que tais objetivos têm sido alvo das ações da empresa em Juiz de Fora.

Com o banco de sementes e mudas, por exemplo, a Emater-MG vem incentivando, desde 2009, o resgate de 14 espécies de hortaliças tradicionais que andavam quase esquecidas ou em extinção. Entre elas, o ora-pró-nobis, jacatupé, azedinha, peixinho, taioba, açafrão, cará, mangarito e outras, além da araruta. Em Juiz de Fora, 36 famílias cultivam essas hortaliças, sendo que oito delas se dedicam mais ao plantio da araruta. É o caso do produtor famíliar Asséde Gonçalves de Oliveira, que conta com a ajuda da esposa Rita Aparecida Resende e de um empregado para o plantio e a fabricação do polvilho.


No ano passado, Gonçalves plantou cerca de 300 metros quadrados de araruta em sua propriedade, o que lhe rendeu 187 quilos da finíssima farinha. Um resultado que agradou o produtor e o motivou a apostar mais no plantio e processamento da hortaliça. “É uma planta de produtividade boa, por isso plantei 600 metros quadrados este ano”, conta. Asséde também participou do treinamento em Felixlândia e saiu mais animado com o teste do mesmo maquinário para o processamento da araruta. “Tirei fotos e estou tentando montar os equipamentos”, revela, depois de admitir que a fabricação da fécula é mesmo muito trabalhosa, por ser ainda manual. Segundo ele, quase toda a sua produção de 2011 foi empregada na fabricação de quitandas, feitas pela esposa. O restante do produto foi vendido a R$ 35 o quilo, em Brasília (DF).

Segundo o extensionista Cândido, com o polvilho de araruta pode-se preparar bolo, biscoito e mingau, entre outras iguarias. De acordo o técnico, mesmo sendo um produto diferenciado, por ser indicado para a alimentação de pessoas com intolerância ao glúten ou com a doença celíaca, ele ainda é pouco encontrado no mercado. “Fiz um levantamento na internet e só consegui localizar uma empresa na Bahia que produz este tipo de polvilho, em escala comercial. Aqui é mais produzido para consumo doméstico. Apurei que, na Bahia o quilo sai por R$ 40”, informa.

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