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Ministério prevê que colheita de milho triplique no Brasil


O potencial para a produção de milho no Brasil é de 165 milhões de toneladas em uma área estimada em 23,7 milhões de hectares. O volume representa mais do que o triplo da colheita atual, e o dobro da área cultivada, segundo informou José Maria dos Anjos, diretor do Departamento de Abastecimento Agropecuário da Secretaria de Política, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Segundo Dos Anjos, a estimativa leva em conta a necessidade que o produtor rural brasileiro tem em fazer a chamada rotação de cultura, para evitar a proliferação de doenças e fungos, e pelo aumento da demanda pelo grão no mundo, principalmente na China.

"Nos últimos três anos o produtor brasileiro tem obtido excedentes que estão sendo exportados", diz Dos Anjos. Durante mais de 15 anos o Brasil ficou praticamente fora do mercado internacional e voltou a embarcar grandes volumes na safra 2000/01. Naquela safra as exportações brasileiras de milho atingiram 5,63 milhões de toneladas. Recuaram na safra seguinte para 2,75 milhões; na safra 2002/03 os embarques de milho atingiram 2,88 milhões de toneladas e a estimativa para o próximo ano é de que os embarques atinjam 4 milhões de toneladas, segundo informa o diretor do Departamento de Abastecimento ontem durante o 2 Simpósio Abimilho, "Tendências e Oportunidades para o Mercado do Milho", em São Paulo.

Estoques em queda

Historicamente, a produção de milho sempre foi superior à de soja até 2001, informa Dos Anjos. A partir daí, a produção de soja ultrapassou. "Em poucos anos, porém, acredito que o milho retorne à liderança da produção brasileira", assim como ocorre nos Estados Unidos, que colhem praticamente o triplo de milho em relação à soja.

A estimativa leva em conta também a queda dos estoques de milho da China, os maiores consumidores mundiais do grão. De acordo com Fernando Lobo Pimentel, diretor da empresa Agrosecurity, também presente ao seminário, os Estados Unidos não poderão nos próximos anos suprir a eventual ausência da China no mercado internacional de milho porque a demanda interna vai aumentar por conta da fabricação de etanol. Os norte-americanos produzem álcool a partir do milho e, segundo informa Pimentel, com os programas de adição de álcool na gasolina a tendência é de que os Estados Unidos ampliem muito o consumo.

Segundo Pimentel, apenas Brasil e Argentina poderão no futuro suprir com maiores volumes os mercados de milho porque têm potencial de aumento da produção, ao contrário dos norte-americanos e da própria China. O país asiático, que há pouco tempo exportava algo em torno de 15 milhões de toneladas por ano, deverá nos próximos anos inverter a situação e passar a importar o mesmo volume.

No caso do Brasil, diz Dos Anjos, o aumento da produção de milho é possível porque os produtores de soja terão que fazer rotação da cultura (hoje a média oscila em apenas 7%, mas o ideal é que atinja algo entre 25% e 30% da área cultivada). Como a produtividade também vem aumentando, o aumento será viável sem elevação da área.

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