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Mitsui quer Brasil como base de seus negócios agrícolas

A companhia quer que o país seja sua base exportadora de álcool combustível e industrial para o Japão


A gigante japonesa Mitsui quer transformar o Brasil em sua plataforma global para os agronegócios. Com pesados investimentos no país em mineração e infra-estrutura, a companhia quer que o país seja sua base exportadora de álcool combustível e industrial para o Japão. Também investe para comprar soja diretamente de produtores para exportar ao Japão, sem intermediação de tradings.

"O Brasil é um mercado prioritário", disse Takao Omae, presidente da Mitsui Brasileira, ao Valor. Os planos da empresa para o álcool combustível são ambiciosos. Em parceria com a Petrobras, a Mitsui analisa projetos "greenfield" (construção) no país. Neste momento, as duas empresas avaliam a viabilidade econômica de cinco usinas, nas quais serão sócias minoritárias em parceria com empresários do setor sucroalcooleiro. O Grupo Equipav é um dos seus possíveis sócios. Os grupos também avaliam em torno de 35 projetos de parceria em usinas, com foco para o mercado japonês.

Omae disse que a decisão da Mitsui de entrar na produção de álcool reflete a intenção do governo japonês de efetuar a mistura de etanol na gasolina. "O Japão consome 60 bilhões de litros de gasolina por ano." Com base nesse dado, Omae calcula que se for efetuada a mistura de 3%, a demanda japonesa será de 1,8 bilhão de litros anuais. Se aumentar para 10%, a demanda saltará para 6 bilhões de litros.

Embora essas projeções sejam bastante conhecidas e divulgadas pelo mercado, Omae acredita que este é o momento de entrar de vez neste setor. A empresa teme perder o "timing". "O Japão já utiliza álcool indiretamente na gasolina por conta da mistura do aditivo etbe (éter etílico terc-butílico), que contém etanol em sua composição."

A dobradinha com a Petrobras também deverá se repetir na área de logística para o escoamento de álcool. Mitsui estuda entrar como sócia da estatal no projeto de construção de alcodutos, ligando as regiões produtoras de álcool a partir de Senador Canedo (GO) até Paulínia (SP). Conforme Omae, a Mitsui também chegou a avaliar parcerias com o grupo Odebrecht, que tem projeto de construção de dez usinas no país para processamento de 40 milhões de toneladas de cana por ano. Mas a negociação não foi adiante.

A Mitsui já é uma das maiores exportadoras de álcool industrial para os setores de bebidas, farmacêuticos e químicos para o mercado japonês. O Brasil exporta cerca de 300 milhões de litros anuais deste tipo de álcool - a Mitsui responde por cerca de 25% a 30% deste volume. Segundo Omae, a companhia já possui experiência na produção de álcool. "A Mitsui é sócia de duas usinas de álcool em operação nos Estados Unidos e de outra unidade em construção." Na Tailândia, a Mitsui controla duas usinas de açúcar, que exporta toda a produção para o mercado japonês.

Em grãos, a companhia já tem uma estrutura consolidada, mas quer ampliar seus negócios. No início do mês, o grupo associou-se à Multigrain AG - joint venture que também tem como sócios a PMG Trading e a cooperativa americana CHS - em um negócio de US$ 25,3 milhões. A Multigrain já exporta 1,5 milhão de toneladas de soja por ano ao Japão e tinha a Mitsui como um dos clientes. "O Brasil tem o maior potencial para ser fornecedor de produtos agrícolas para o Japão, mas hoje ainda perde para Estados Unidos."

Na área de alimentos, a empresa também atua na exportação de sucos, uma vez que tem contrato com a Citrovita, do grupo Votorantim, para abastecer o mercado japonês com suco de laranja. A trading também tem parceria com a gaúcha Tecnovin para exportação de suco de uva para o Japão. A companhia mantém ainda no país um patrimônio de US$ 300 milhões em vagões ferroviários para transporte de grãos, por meio da empresa MRC Serviços Ferroviários e Participações, que aluga vagões para tradings como Bunge. As informações são da assessoria de imprensa da Famato.

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