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Moderfrota terá menos verba que o esperado


O crédito para compra de máquinas agrícolas deverá manter-se no mesmo nível deste ano-safra, assim como as condições do financiamento. No Plano Agrícola e Pecuário 2003/04, o governo vai liberar de R$ 2,5 bilhões a R$ 2,6 bilhões para o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas, Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota). O volume é inferior ao solicitado pelo setor, estimado entre R$ 2,8 bilhões e R$ 3 bilhões. Para todo o Plano Safra, o governo pretende aumentar em pelo menos 20% os recursos disponíveis, que poderão chegar a R$ 26 bilhões. O anúncio será feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final deste mês ou início de junho.

Atualmente, o financiamento com juros fixos representa 50% a 90% da comercialização do setor, dependendo do tipo de equipamento. O programa foi responsável, nos últimos anos, pelo crescimento médio de 20% na produção de máquinas e implementos agrícolas. De acordo com representantes da indústria, o crédito possibilitou ganho em escala, favorecendo o aumento das exportações.

Depois de duas décadas, em 2002, o País teve recorde nas vendas externas de maquinário agrícola, com o embarque de 15 mil unidades. "O Moderfrota proporcionou o aumento da produção e redução de custos, deixando as empresas mais competitivas", afirma Werner Santos, diretor de marketing da Agco do Brasil.

Nos últimos anos, também houve renovação da frota de máquinas e implementos agrícolas. Em maio de 1999, por exemplo, cerca de dois terços da frota tinha idade média de 20 anos. De acordo com pesquisa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em três anos, 20% da frota de tratores foi renovada e 27% da frota de colheitadeiras.

Outra vantagem do programa, apontada por Pérsio Pastre, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foi a redução da ociosidade das empresas. Em 1999, a ocupação da capacidade instalada era de 20%, ou 86 mil unidades produzidas ao ano. Em 2003, deve chegar a 70%.

"Os juros fixos possibilitam ao produtor planejamento", acrescenta Orlando Capelossa, gerente de planejamento de marketing da Valtra. O gerente de relações institucionais da John Deere, Gilberto Zago, ressalta a importância de taxas não variáveis, argumentando que, quando os juros não eram fixos, os produtores não conseguiam investir e o País não saia de um nível de 80 milhões de toneladas de grãos.

Na opinião de Luis Carlos Delben Leite, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o Moderfrota foi um dos responsáveis pela aceleração da modernização agrícola e do aumento da produtividade. Por isso, ele reivindica a redução da taxa de juros, que varia entre 9,75% e 12,75% ao ano, conforme a renda do produtor.

A mesma solicitação é feita pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Luciano Carvalho, assessor da Comissão de Crédito da CNA, argumenta que a variação da Selic não justifica o aumento da taxa de juros do programa, ocorrido em fevereiro. Segundo lembra, quando o Moderfrota foi criado, a taxa Selic estava em 45% ao ano.

A importância do Moderfrota é tão grande para o setor que, no início deste ano, quando os recursos para o ano-safra 2002/03 tinham se esgotado, as vendas caíram 35% sobre o mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a abril, a variação negativa é de 7%, totalizando 10,5 mil unidades vendidas. Mas a estimativa é que, até o fim deste ano, o crescimento das vendas alcance 20%. Por isso, o setor reivindica a continuidade do programa por pelo menos mais cinco anos.

Outra proposta da indústria é a criação de uma linha específica para os pequenos agricultores. Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, o governo está trabalhando com a possibilidade de criar programas de investimentos para produtores que estão entre a agricultura familiar e a comercial. Ele disse ainda que existe a idéia de fixação de um termo de ajuste de conduta, fixando compromissos do setor com o programa. Isso porque os produtores reclamam que o aumento da demanda provoca a elevação nos preços do maquinário.

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