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Modernização de redes de energia aceleraria expansão da bioeletricidade

Linhas de transmissão ligam usinas à rede pública de energia


Linhas de transmissão ligam usinas à rede pública de energia

O desafio de aumentar a geração de bioeletricidade produzida a partir do bagaço de cana-de-açúcar requer significativos investimentos nas redes do sistema elétrico. Pensando nisto, um grupo de entidades que inclui a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br) e a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen-SP) apresentou um “Plano de Modernização de Instalações para Conexão de Unidades Geradoras” (LINK PLANO, NA REDE) à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na segunda-feira (28/11), durante Audiência Pública para definição dos temas que devem ser tratados pela Agência em 2012 e 2013.


“Existem hoje 438 usinas no Brasil, mas apenas cerca de 100 fornecem energia elétrica ao sistema de distribuição. Esta proporção precisa aumentar, o que só ocorrerá com uma política setorial que estimule investimentos,” observa Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA. Ele explica que a contribuição das entidades será analisada pela Aneel, que depois decidirá se o plano será incluido entre as prioridades do biênio 2012-2013.

A queima em caldeiras do bagaço e da palha, resíduos da produção de etanol e açúcar, gera energia térmica e também elétrica, a chamada bioeletricidade. A geração desse tipo de energia torna as usinas de processamento de cana auto-suficientes, dispensando a necessidade de adquirir eletricidade para operar no dia-a-dia. Usinas equipadas com caldeiras de alto desempenho produzem excedentes, que são comercializados através do sistema de distribuição. Embora o fornecimento de bioeletricidade para a rede seja algo relativamente novo, iniciado em meados da década de 1980, a atividade tem ganhado força no País devido à natureza limpa desse tipo de eletricidade. Estima-se que nos canaviais brasileiros há potencial para produzir o equivalente a três usinas Belo Monte.

Investimentos

De acordo com Zilmar de Souza, o investimento necessário para que a rede elétrica seja capaz de receber esta oferta adicional de bioeletricidade é alto. Dependendo do projeto, o aporte financeiro deve ser de 30% do investimento total no projeto, cuja conta é paga integralmente pelo chamado cogerador de energia, que é responsável pela construção das linhas de transmissão e dos demais equipamentos elétricos.

“Além disso, temos um processo burocrático, dependente mais da distribuidora local do que do cogerador, que acaba representando custos extras que se somam ao do próprio investimento e ao risco de atraso na execução das obras, o que pode causar demora na entrega da energia compromissada em leilões ou em ambiente livre,” afirma Souza.


Carlos Silvestrin, vice-presidente executivo da Cogen-SP, avalia que o “Plano de Modernização de Instalações” traria benefícios não somente para a bioeletricidade, mas também aos empreendimentos em energia eólica e de pequenas estações hídricas. “Uma proposta como esta aumentaria a geração dessas fontes renováveis e complementares em curto espaço de tempo, pois a conexão é um dos fatores que mais inibem essa expansão, principalmente no setor sucroenergético,” comenta.

Para Onório Kitayama, integrante do Comitê de Bioeletricidade do Ceise-Br, uma forma de incentivar a geração de bioeletricidade seria adotar uma atitude proativa na questão da conexão. Segundo ele, isto viabilizaria o acesso para qualquer gerador de energia elétrica, seja para o mercado regulado ou livre e em qualquer tensão, permitindo o aproveitamento do potencial existente e o aprendizado do mercado elétrico para futuras expansões.

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