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Moinhos "seguram" compras de trigo para conter alta

Apesar da safra nacional, no cenário externo (baixos estoques e redução da produção na Europa) a cotação tem atingido patamares recordes


Os altos preços do trigo levaram os moinhos a segurar as compras do grão. Apesar da safra nacional, no cenário externo (baixos estoques e redução da produção na Europa) a cotação tem atingido patamares recordes, o que contribui para elevação dos preços no País. Na região, as cooperativas estão enfrentando dificuldades para comercializar seus estoques, enquanto a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) aposta na redução do preço a partir de novembro, quando chega a safra argentina.

A Corol Cooperativa Agropecuária (sediada em Rolândia) já comercializou cerca de 60% do seu estoque de trigo. No entanto, o presidente Eliseu de Paula, afirma que os moinhos saíram do mercado. "Estamos ofertando trigo de boa qualidade, mas os moinhos estão pagando cerca de R$ 620 a tonelada. Estão derrubando o preço, estão desvalorizando e boicotando o trigo nacional", informa. A sua proposta é de paridade entre os produtos nacional e importado, uma vez que, segundo ele, o trigo importado entra no país por cerca de US$ 390 a tonelada (cerca de R$ 780).

"Alguns cooperados precisam vender agora e, por isso, estamos comercializando a preços menores do que há uma semana. A nossa orientação é que quem tiver fôlego que espere até março, não vai perder dinheiro", comenta Eliseu de Paula. Por isso, ele lembra que a Corol está investindo na implantação de um moinho com capacidade para processar cerca de 400 toneladas por dia do grão. "O nosso empreendimento também vai ter condições de regular mercado", diz. O moinho deverá entrar em funcionamento no final do próximo ano.

Por enquanto, a Cooperativa Integrada (sediada em Londrina) comercializou apenas 10% dos seus estoques. A última venda foi registrada no dia 12 de setembro. "Nosso trigo é de excelente qualidade. Temos como diretriz um preço de venda de R$ 660 a tonelada, não temos interesse em vender por preço mais baixo do que este", informa o gerente comercial Luiz Yamashita. O custo foi tomado como base a paridade entre o grão nacional e o importado. Na cotação de segunda-feira o grão atingiu US$ 345 tonelada.

"A questão é que está entrando a farinha argentina, a preços mais baixos, mas acreditamos que o mercado terá que ser ajustado. Os moinhos terão que remunerar melhor o trigo, mas o preço da farinha também terá que ser revisto", avalia Yamashita. Já o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinatti, lembrou que a cotação do trigo no mercado externo está alto. "Como os moinhos não estão querendo comprar, nossa orientação é que os produtores se juntem para exportar. Temos que aproveitar os bons preços no mercado internacional", salientou.

Em nota oficial assinada pelo presidente Samuel Hosken, a Abitrigo afirmou que a indústria nacional precisa do trigo que está sendo colhido e que irá comprar, "mas não tudo de uma vez". De acordo com a entidade, os moinhos costumam trabalhar com estoques de 30 dias, enquanto o consumo nacional é de cerca de 800 mil toneladas por mês e que, por isso, "leva-se um tempo até absorver a colheita". "Quando começar a entrar a safra argentina, prevista para novembro e dezembro, o preço certamente cairá", argumenta.

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