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Monsanto inaugura unidade de semente no MT


De olho no potencial da região que mais produz soja no País, a Monsanto acaba de colocar um pé no norte de Mato Grosso. A estrutura visível do processo desenhado para consolidar mercados para os seus produtos é a estação de melhoramento genético inaugurada em Sorriso, que "deve estar a pleno vapor em 30 dias", anuncia o gerente de Negócios Soja do grupo José Carlos Carramate. Este é o período estimado para a colheita da área plantada e a conclusão da estrutura dos laboratórios.

Baixa latitude

O objetivo da empresa em Sorriso, onde se colhe 2,8% da safra brasileira de soja (1,6 milhão de toneladas, em 509 mil hectares), é desenvolver variedades adaptadas a regiões do cerrado de baixa latitude. A estação ocupa área de 85 hectares, dos quais 45 foram reservados à montagem da infra-estrutura (menos de dois hectares) e às lavouras experimentais.

O investimento na aquisição da área e construção civil chega a US$ 1 milhão. Carramate diz que serão necessários mais US$ 500 mil para equipar os laboratórios. Inicialmente, o trabalho será conduzido por 12 pessoas, entre engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, auxiliares de pesquisa e da administração.

Com a estabilização das áreas produtivas no Sul, a estação montada em Mato Grosso indica que a Monsanto segue os passos da expansão da fronteira agrícola brasileira para o Norte. Desde meados dos anos 90, a empresa mantém uma estrutura direcionada para o desenvolvimento de novas cultivares de soja em Morrinhos (GO). "A soja é uma cultura muito sensível a fatores climáticos. São poucas as variedades que se adaptam do Oiapoque ao Chuí e, no cerrado, as plantadas em Goiás nem sempre têm desenvolvimento semelhante em Mato Grosso", afirma José Carlos Carramate.

Com a estrutura de Sorriso, a Monsanto passa a produzir no estado variedades destinadas a Mato Grosso, que hoje são trazidas de outras unidades. Na área-alvo do projeto também estão Rondônia, Bahia, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pará.

A estruturação da pesquisa começou entre os meses de agosto e setembro de 2002, com a plantação de variedades experimentais. A meta é incorporar 11 novos tipos de sementes ao banco de germoplasma da empresa na próxima safra.

Este é o primeiro passo para o início da produção em escala comercial, um processo encurtado pela leitura genética em laboratório dos materiais. Após conclusão das pesquisas e do processo de patenteamento, as sementes são repassadas a multiplicadores - a Monsoy, braço da empresa que gerencia o germoplasma - têm convênios com 71 das 450 empresas que atuam nesta área no País.

Caso a previsão de desenvolvimento de 11 novas cultivares se concretize, a Monsanto fará investimento adicional de US$ 5,5 milhões. É que estimativas da empresa apontam que o custo de cada processo que vai do desenvolvimento à entrega da semente ao multiplicador chega a US$ 500 mil. O retorno vem dos royalties cobrados das empresas autorizados a comercializar o produto com sua marca. Carramate diz que o valor varia de 5% a 7% e a variação está relacionada à curva de maturação. "A vida útil média de uma variedade é estimada em sete anos."

Algodão e milho

Como a de Morrinhos, a estação de Sorriso não fará pesquisas voltadas exclusivamente para o desenvolvimento de sementes de soja. Também estão previstos ensaios de novas cultivares de algodão e milho, mas em menor intensidade. O que diferencia as duas estações é a existência de Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) em Morrinhos, que não está sendo utilizada porque a escala de produção é pequena e, a exemplo da UBS de Não-Me-Toque (RS), a estrutura foi concebida para armazenar soja transgênica, cujo plantio comercial não está liberado. Pelo projeto idealizado, a semente processada nas UBS seria produzida por cooperados. O processo é semelhante aos das estações de desenvolvimento de híbridos de milho - a empresa tem uma unidade em Santa Helena de Goiás.

kicker: Indústria investiu US$ 1 milhão em Sorriso e vai gastar mais US$ 500 mil em equipamentos.

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