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Morosidade para habilitar gera perdas, frisa Acrimat


Sem aproveitar espaço garantido, Brasil e MT perdem receita da UE


Sem fazer justiça ao espaço concedido pela UE, as exportações brasileiras perdem espaço e receita
Sem aproveitar espaço garantido, Brasil e MT perdem receita da UE

As conseqüências da falta de uma política eficiente para o sistema de rastreabilidade no Brasil refletem em cheio sobre as exportações da carne bovina brasileira. A notícia de que o Brasil só conseguiu atingir 25,32% da cota Hilton, foi analisada como conseqüência direta da ineficiência do governo federal em fazer as auditorias nas propriedades do sistema ERAS/Sisbov e a rigidez das regras impostas pela União Européia para que o produtor tenha a certificação.

“Essa é mais uma conseqüência da falta de prioridade por parte do governo federal com relação à rastreabilidade, bem diferente do que acontece na Argentina, por exemplo. Isso pode ser constatado na cota Hilton onde a Argentina cumpriu praticamente 100% da cota, mesmo tendo um rebanho de 50 milhões de cabeças”, aponta o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

A Cota Hilton, que permite exportação de carne de qualidade do Brasil para União Européia com taxa de importação reduzida, de apenas 20%, dá ao Brasil o direito de enviar de 5 mil toneladas para cortes. No exercício 07/08, o País embarcou cerca menos de 50%, enquanto a Argentina, que detém a metade da Cota, 28 mil toneladas, atingiu 100%.

A situação está tão crítica que o Brasil busca alternativas e fala de flexibilização das regras da UE para que haja mais fazendas aptas a produzir gado à exportação. Para Vacari, a flexibilização é necessária, mas isso somente não vai resolver o problema. “O sistema é muito rigoroso, além do necessário, mas se ele não for prioridade do governo federal não vai funcionar. Aqui no Brasil a responsabilidade da rastreabilidade do gado é toda do produtor e quando ele decide investir, encontra uma barreira enorme e lenta por parte do governo federal que não consegue auditar as propriedades”.

Vacari disse ainda, que investir na Cota Hilton já é uma maneira de ajudar os frigoríficos a saírem da crise e toda cadeia produtiva, “pois ela é uma parcela importante de exportação de carne bovina de alta qualidade e valor que a União Européia concede anualmente a países produtores e exportadores de carnes. Um boi rastreado tem um valor agregado de até 10% maior e isso faz muita diferença”.

MATO GROSSO – Atualmente, 492 propriedades de Mato Grosso aguardam a auditoria oficial para fazer parte das propriedades aptas à exportar carne in natura para os mercados que exigem o Sisbov. Apenas 203 propriedades estão aptas até o momento. O Estado detém o maior rebanho bovino do Brasil, com 26 milhões de cabeças.

O mercado comum europeu é um dos principais destinos da carne mato-grossense. Em 2009, o valor médio do quilo da carne exportada pelo Brasil foi de US$ 2,35, enquanto isso o valor da carne embarcada para o bloco foi de US$ 3,36, valor 43,6% acima da média de mercado. Apesar da importância deste mercado, os embarques para este parceiro diminuíram consideravelmente a partir do segundo trimestre de 2008, segundo levantamento feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), isto porque o departamento europeu que define as condições mínimas que um país deve ter considerou que o sistema de rastreabilidade do nosso país não era adequado. Mato Grosso foi diretamente afetado por esta medida. Em 2009 apenas 4,8% da carne exportada pelo Estado foi para a União Européia, enquanto que em 2007 mais de 19% do total foi para o bloco. Além disso, hoje nosso Estado é responsável pelo embarque de 12% de toda exportação nacional, porém, quando se trata de exportações da Europa, nosso nossa participação no mercado - market share - cai para 5%.

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