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MT: ‘Commodity’ mostra sua viabilidade

Produtores ampliam produção do girassol


Campo Novo do Parecis, no noroeste mato-grossense, concentra 80% da produção do grão. Por lá, cultura só perde em importância para a soja

 
Com esmagadoras no ‘quintal de casa’, produtores ampliam produção do girassol e cultura se consolida na safrinha

Pouco falado dentro da agricultura empresarial, e nem por isso menos importante, o girassol, em plena colheita em Mato Grosso, ganha espaço e vai se destacando como a principal cultura de segunda safra em Campo Novo do Parecis (396 quilômetros ao noroeste de Cuiabá). Mato Grosso, com mais de 125 mil hectares cultivados, é o maior produtor nacional do grão.

Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da safra passada para a atual, a área plantada teve incremento espacial de 148%, de 50,7 mil para 125 mil hectares. A produção estimada deve ultrapassar a 218 mil t, expansão anual de 158,2%, ante 84,7 mil t do ano passado.

E de toda a área semeada no Estado, cerca de 100 mil hectares estão em plena colheita em Campo Novo do Parecis. Lá duas indústrias, uma em atividade e uma que ainda vai dar início ao processamento, garantem a demanda pelo girassol, fazendo dele um produto de maior liquidez local quando comparado ao milho. Praticamente 100% do girassol mato-grossense é transformado em óleo para consumo humano, seja pelo envaze do produto, como também via atendimento às indústrias que processam alimentos e têm a preocupação em reduzir o colesterol dos seus produtos.

Em seu total aproveitamento, o grão ainda permite a extração do farelo, largamente utilizando como ração animal. “A Parecis S.A, em pleno funcionamento, e a planta da ADM Brasil, fomentam a expansão da cultura na região, o que explica esse incremento anual da produção do girassol no município”, destaca o presidente do Sindicato Rural local, Alex Utida. Como completa, o girassol só tem viabilidade econômica quando processado próximo da região de cultivo. “Aqui em Campo Novo do Parecis, ou no entorno, o produtor tem para quem vender, com preços compatíveis com o mercado, inclusive operando na modalidade de vendas no mercado futuro”, exclama. Utida destaca ainda, que o girassol é uma opção para rotação de culturas e de sucessão à soja.

A vocação de Campo Novo do Parecis pode ser medida pelo recente investimento que um grupo de produtores, que fundou há cerca de seis anos a Parecis S.A., está aplicando “no quintal de casa”: cerca de R$ 70 milhões para ampliar a atual capacidade de processamento da planta de 90 toneladas/dia para 600 t/dia. Como explica um dos 46 sócios da usina, o produtor Vitório Herklotz, a usina não está sendo ampliada, eles estão fazendo uma nova unidade, que em setembro começa a operar.

Município - Em Campo Novo do Parecis, como explica Herklotz, o girassol leva vantagem como opção de segunda época pela liquidez permanente que tem no Município em função da planta industrial. “Essa demanda local faz com que haja preço e mercado ao girassol, deixando-o com uma cotação quase que equivalente a da soja, em cerca de R$ 52 a R$ 55. Com um custo de produção cerca de 30% menor em relação à oleaginosa, preços compatíveis e demanda local, o girassol é a cultura mais importante para gente depois da soja”.

O produtor Sérgio Stefanelo frisa que logística é vital ao girassol porque 85% do valor do produto estão em 40% do peso, que é o óleo. O farelo representa 15% do valor, mas está presente em 60% do produto e por isso ele só é viável com indústria muito próxima”.

Se para os produtores da região o girassol é uma commodity, há desafios, muitos desafios a serem vencidos, destaca o produtor. “O girassol oferta muito óleo, o farelo é proteico e tem comercialização também no mercado futuro, um cenário muito parecido com o da soja, mas faltam à cultura tecnologias de sementes e manejo às pragas e doenças, como o mofo branco, e produtos químicos específicos.

Ainda importamos sementes da Argentina e precisamos ampliar a demanda nacional pelo óleo do girassol. Como qualquer atividade, o girassol tem desafios e oportunidades e se ele é altamente viável aqui em Campo Novo do Parecis é porque os produtores se uniram para fazer essa viabilidade acontecer, a partir da implantação da primeira esmagadora”.

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