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MT: extensão do calendário da soja preocupa

Entidades de pesquisa temem a maior incidência de doenças na safra 2022/23


Foto: Marcel Oliveira

O Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, até a safra passada poderia semear a oleaginosa até o dia 31 de dezembro. Em setembro o Ministério da Agricultura editou uma portaria padronizando o calendário de plantio da soja no Brasil, acrescentando estados que, até então, não tinham calendário obrigatório. Com isso os produtores mato-grossenses ganharam mais dias. A semeadura fica autorizada de 16 de setembro a 3 de fevereiro.

O argumento do Mapa é o combate à principal doença da cultura, a Ferrugem Asiática. No entanto, entidades de pesquisa acreditam que pode ocorrer justamente o contrário, e haver um aumento da doença na safra 2022/23 e com reflexos já na safra 2021/22. O tema já foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma ação protocolada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), e está aguardando análise da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nesta semana a Embrapa se manifestou sobre o assunto na ação, conforme pedido do relator. A entidade de pesquisa é contra a extensão do calendário, ressaltando mutações no fungo da ferrugem que podem ampliar a incidência da doença. Isso aconteceria porque a soja poderia ficar até 33 dias a mais na lavoura, ampliando as possibilidades da incidência e diminuindo a eficácia do vazio sanitário.

"Desde 2015 a Embrapa participa... de fóruns de discussão sobre a semeadura de soja em fevereiro no Estado de Mato Grosso. O posicionamento técnico da empresa, assim como da maior parte das entidades, sempre foi contrário à liberação, em razão do grande risco que a extensão da ponte verde", informa a publicação no site da Embrapa.

Outro setor que pretende recorrer ao STF para que derrube o novo calendário é a indústria de defensivos. O presidente executivo da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, disse à Reuters que a proliferação da ferrugem asiática, proporcionada pelo plantio até fevereiro, deve causar um problema para a indústria de defensivos no médio e longo prazo, ao reduzir os pesticidas eficazes contra a doença. "Se a ampliação da calendário for mantida, daqui a 3-5 anos não teremos mais produtos para oferecer como alternativas de combate à ferrugem", argumentou.

 

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