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MT: Oeste sofre sem chuvas

Soja em MT atingiu 99% de semeadura no início do mês


Volume pluviométrico na maior parte da região soma 350 mililitros, menos da metade do histórico para época

As lavouras da safra 2011/12 de soja, em Mato Grosso, estão sendo afetadas, em maior e menor grau pela escassez de chuvas e até a mesmo pela falta de regularidade esperada para o período do ano. Existem relatos de produtores de que o intervalo entre uma precipitação e outra teve média de 12 a 15 dias e com pico de até 21, como na região oeste, a primeira a dar a largada da nova safra nacional do grão, ainda em meados de setembro. Em Sapezal (480 quilômetros a noroeste de Cuiabá), município que detém a maior área plantada com soja desta porção estadual, o volume pluviométrico é o menor registrado nos últimos 22 anos.


A região detém 976.710 hectares, 14,51% da área plantada estimada no Estado em 6,78 milhões. É esperada a produção de 2,94 milhões de toneladas, 13,66% da produção estadual que deverá atingir novo recorde: 21,52 milhões de t. Sapezal, Campo Novo dos Parecis e Campos de Júlio são os maiores produtores de soja desta porção estadual com 367,50 mil ha, 334 mil ha e 190 mil, respectivamente.

O presidente do sindicato rural de Sapezal e vice-presidente Oeste da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), José Guarino Fernandes, conta que de agosto até agora, o volume de chuvas na região do município soma apenas 350 mililitros, cerca de 57% inferior à média de 800 mm contabilizadas até o fim de dezembro. “Anualmente, viramos o ano com volume de chuvas acumulado de 800 mm. Na comparação com o atual momento de fato há uma redução brutal, mas esperamos que as previsões existentes para as próximas semanas possam recuperar os dias sem chuva”. Guarino conta que na propriedade dele o índice pluviométrico é monitorado desde 1989 e que nunca havia registrado um volume tão baixo como o atual.

Ele explica que muitas lavouras estão no processo de enchimento dos grãos e que a falta e a irregularidade das chuvas preocupa muito. “Tivemos no mês passado intervalo de 21 dias sem chuvas e até anteontem eram cerca de outros 12 dias sem chuva. Não há dúvidas de que alguma perda de produtividade seja observada, se vai ser grande ou pequena ainda é cedo para atestar”. Guarino destaca ainda que a região vem sofrendo bastante com os pontuais período de seca e que alguns produtores nem terminaram de semear 100% da área pretendida por falta de chuvas. “Tivemos hectares replantados há algumas semanas, mas a partir de agora nem compensa mais. Se as chuvas se firmarem poderemos recuperar o estresse hídricos das plantas, mas os efeitos sobre o rendimento só saberemos na hora da colheita”.

A olho nu, a principal característica do estresse hídrico (falta de água) sobre as lavouras são as folhas viradas. “Esses dias na estrada vi lavouras inteiras assim próximas a Campo Novo do Parecis”, completa.

Segundo relatório enviado pela supervisora de campo da Aprosoja/MT na região oeste, Franciele Dal’Maso, nos municípios de Campo Novo do Parecis e Diamantino as chuvas estão desuniformes e em pequenas quantidades. Na região do Parecis, de agosto a junho de 2010, período que compreende o ano safra, choveu um volume de 2011 mm, e este ano, de agosto até o momento, só choveu 289 mm.

De acordo com relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 30 de novembro, 84% das lavouras mato-grossenses estavam em estágio de desenvolvimento vegetativo, 3% em germinação, 12% em floração e apenas 1% em frutificação.

MAIS SECA - De acordo com a entidade, os efeitos da seca pontual também são observados no sul-mato-grossense. Em Itiquira (357 quilômetros ao sul de Cuiabá), há relatos de produtores que já estão realizando replantio. É o caso de João Carlos Diel que cultiva 2.500 hectares de soja no município e já replantou 100 hectares. “Em anos anteriores chegamos a ter estiagem, mas este ano o volume de chuvas está bem abaixo do esperado. Iniciei o plantio em outubro no dia 11, e de lá pra cá não chegou a 250 mm de chuva na minha propriedade. Tenho aproximadamente 800 hectares que estão em situação crítica”.


Diel ressalta que este período, onde a soja alcança um ciclo de desenvolvimento importante, é fundamental a regularidade das chuvas. “As variedades que têm um ciclo de 100 dias, as chamadas precoces, estão mais ou menos na metade do ciclo agora e a seca durante esse período reprodutivo causa reduções no número de flores ou abortamento de vagens. Os resultados serão a redução no rendimento dos grãos, com queda de produtividade”.

O gerente técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas, afirma que as áreas das regiões afetadas serão acompanhadas sistematicamente para saber a situação real e a evolução dos prejuízos. “Ainda não há projeções sobre uma possível quebra da safra, mas as próximas duas semanas serão decisivas para o desempenho das lavouras”, comenta Ribas.
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