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MT autua cinco lavouras de soja por não obedecer o vazio

Três delas eram de plantio comercial, e as multas podem chegar a R$ 81,84 mil


O Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) autuou cinco lavouras de soja no município de Primavera do Leste, em Mato Grosso, que descumpriram a legislação do vazio sanitário, que proíbe o cultivo da cultura durante a entressafra. O objetivo do vazio sanitário é reduzir a pressão do fungo causador da ferrugem nas lavouras. Sem plantas durante a entressafra, o fungo não tem abrigo e nem alimento e não tem como ficar ‘hospedado’ no campo, à espera da próxima safra.

A medida entrou em vigor no último dia 15 e vai até 15 de setembro. A legislação determina que durante 90 dias, a ausência de plantas de soja em todo território de Mato Grosso deve ser total, conforme as medidas exigidas pela Lei 3.333/06, que visa à prevenção, controle e erradicação da ferrugem asiática da soja no Estado. A ferrugem é uma doença que vem se disseminando rapidamente no Estado e já causou grandes prejuízos aos produtores nas últimas cinco safras.

As cinco propriedades autuadas no Estado ficam no município de Primavera do Leste (239 quilômetros ao centro leste de Cuiabá). O Indea/MT não revelou o nome dos produtores que cometeram a infração, mas informou que das cinco notificações, duas foram referentes à rebrota da planta (germinação dos grãos após a colheita) e três lavouras comerciais com plantio invadindo a época do vazio sanitário. No caso das lavouras com rebrota, os fiscais do Indea notificaram os responsáveis a destruir a planta. Para os que permitiram que a soja viva invadisse o período do vazio sanitário, o Indea autuou os infratores com multas que podem chegar a até 3 mil UPFs (Unidades Padrões Fiscais), R$ 81,84 mil.

De acordo com o engenheiro agrônomo Antônio Marcos Rodrigues, da Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal do Indea, o cumprimento da lei está sendo fiscalizado pelo órgão desde o último dia 15. Mas o Indea já vinha comunicando com antecedência as exigências do vazio sanitário aos produtores.

Medidas:

A legislação determina que a semeadura da soja só deve começar a partir de 1° de outubro. Segundo ela, o controle das plantas voluntárias, conhecidas como tigüeras, deve ser feito até 30 dias depois do fim da colheita, por meio de processo químico ou mecânico, pois elas ficam propagando o fungo que provavelmente atingirá a próxima safra.

Outras medidas previstas na lei são o monitoramento da cultura para a detecção da doença e o cadastramento ou registro de áreas com cultivo de soja. Esse cadastro de todas as áreas de plantio deve ser feito todos os anos junto ao Indea, até 30 dias antes do início da primeira semeadura.

A informação do foco da doença - também previsto na legislação - estabelece que o sojicultor e o responsável técnico sejam “solidários” na responsabilidade de informar ao Indea o aparecimento de foco da ferrugem da soja na propriedade rural. Inicialmente, as ações do Indea abrangem a orientação e fiscalização quanto ao período do vazio sanitário, controle das plantas voluntárias, monitoramento e notificação da ocorrência da doença.

Exemplo:

Este é o segundo ano consecutivo que o Estado adota o vazio sanitário, por meio de lei, com o objetivo de reduzir a disseminação do fungo causador da ferrugem e baixar os custos com aplicações de fungicidas nas lavouras. Outros estados estão adotando a legislação para a safra 07/08.

De acordo com o agrônomo Paulo Roberto Damasceno, “a medida é para reduzir a pressão do fungo nas lavouras de soja e já notamos uma redução considerável na incidência do fungo causador da ferrugem na safra 06/07", avalia.

Importância:

Segundo o agrônomo “o fungo da ferrugem [asiática] só sobrevive em planta de soja viva. Se o produtor conseguir manter o fungo por pelo menos 60 dias sem planta viva na lavoura, ele reduz a fonte de inóculo primário (fungo em boas condições no campo) e, com isso, a doença vai demorar mais tempo para se manifestar na lavoura”, explica. Ele acredita que, desta forma, é possível diminuir a possibilidade de incidência da doença no período vegetativo e, conseqüentemente, reduzir o número de aplicações de fungicida para controle da doença.

De acordo com a pesquisadora Cláudia Godoy, em safras passadas plantios de soja irrigada em várias regiões do país, inclusive Mato Grosso, serviram como uma “ponte verde” para o fungo.

Em alguns locais, os primeiros sintomas da ferrugem foram observados quando a soja estava no período vegetativo. “Essa ocorrência precoce acarreta necessidade de um maior número de aplicações de fungicida. Em decorrência disso, em algumas lavouras foram realizadas até sete aplicações de fungicida para controle da doença”, explica.

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