CI

Na agricultura, a grande fonte de riqueza do país

Neste sábado é comemorado o Dia do Colono, data instituída em 1968 pelo Governo Federal


Um dos termos comumente usados quando nos referimos à pessoa que trabalha na agricultura é colono. Inicialmente usado para designar o trabalhador rural estrangeiro que veio para o Brasil para substituir os escravos na lavoura, por ocasião do fim da escravidão negra no país, e que trabalhavam em regime de colonato - morando na fazenda, trabalhando e recebendo parte da colheita em troca dos serviços -, o termo colono adquiriu um sentido muitas vezes pejorativo ao longo dos anos. Terminologias de lado, o certo é que os colonos fazem parte de uma importante engrenagem da economia, sobretudo em um país que tem na agricultura grande fonte de receita.

No sábado (25-07) é comemorado o Dia do Colono, data instituída em 1968 pelo Governo Federal. Só em Santa Catarina, 180 mil famílias sobrevivem da agricultura, o que significa dizer que a atividade é fonte de renda de mais de um milhão de catarinenses. Como o caso de Jose Cesar Cizewski, 50 anos, que como ele mesmo se define "nascido na agricultura, filho de agricultor e agricultor desde a época que se trabalhava na enxada, sem máquinas". Segundo ele, passou por períodos distintos da atividade, chegando quase a falir. Trabalhou por 25 anos como empregado na iniciativa privada, e ao se aposentar, decidiu voltar a trabalhar com a terra para complementar o salário recebido com a aposentadoria. Retornou à antiga atividade há cerca de dez anos, e teve que se readequar às práticas agrícolas. "Antes de ser empregado, cultivava feijão, mandioca, batata e verduras. Quando retornei, foquei na produção de feijão e de milho, mas investi em um pequeno moinho para fazer a farinha de milho e agregar valor ao produto. Tive que me readaptar às novas práticas e tecnologias para voltar a produzir", conta.

Família unida na lavoura

Hoje ele cuida dos dez hectares de milho e feijão cultivados na propriedade da família com a ajuda da mulher e do filho - que trabalha em uma empresa e nas horas vagas cuida da lavoura com Cizewski. O colono, que vende a produção na própria casa, já que possui clientes fixos, diz que gosta muito de trabalhar na agricultura, apesar de ser uma atividade que tem toda a cadeia centrada no produtor: desde o plantio até a negociação da safra, e que ainda sofre com muita burocracia para conseguir recursos. "Agricultura é vida. Trabalhar com a terra é minha raiz. Está comigo e não há como me desprender", diz.

Faltam políticas públicas para os pequenos produtores

No estado, 85% das propriedades são pequenas, e apesar da maioria numérica, ainda não há políticas públicas adequadas à realidade da agricultura familiar, segundo José Walter Dresch, diretor financeiro da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc). "A agricultura familiar teve grandes avanços, mas ainda tem muito que conquistar, especialmente na questão ambiental, para a abertura de agroindústrias para aumentar os rendimentos na propriedade e das questões trabalhistas. Tratam os pequenos como grandes proprietários, sem analisar as peculiaridades. E nisso, são os menores que sempre saem perdendo", analisa Dresch. "Santa Catarina tem potencial para ser referência em agricultura familiar", completa.

Um dos pontos positivos para a atividade, na opinião dele, é a união em torno de cooperativas, tanto de produção quanto de crédito. "Unidos, os trabalhadores rurais conseguem preços melhores para a compra e venda de produtos, para a conquista de melhorias. No caso das cooperativas de crédito, os recursos são conseguidos mais facilmente, pois é um ambiente que conhece a realidade do produtor, fala a mesma língua dele", afirma.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.