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Não é hora de vender soja

"Não se pode tomar decisões sobre cenários indefinidos", diz Luiz Pacheco, da T&F


“Nossa recomendação atual é a de não vender [soja]. Não se pode tomar decisões sobre cenários indefinidos, que tanto podem fazer os preços subirem quanto caírem. É preciso se ter pistas mais concretas para se agir. Para isto é que nós da T&F existimos, acompanhando os fatores que influenciam os preços, diariamente, para informar”. A recomendação é do analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Fernando Pacheco.

De acordo com ele, as perspectivas do mercado de soja para 2019 dependem da definição de três fatores importantes, e a tendência para este ano está “totalmente indefinida”. Primeiro, diz o especialista, existe “indefinição quanto à disputa comercial entre EUA e China”.

“As compras chinesas efetuadas durante o mês de dezembro foram pobres em comparação com o volume que se necessita para reduzir os altos estoques de soja americana, que era a grande esperança do mercado. Estamos com o olhar fixo nas novas reuniões marcadas entre Beijin e Washington para ver as novas etapas desta guerra comercial. Por enquanto os chineses estão dando um banho de estratégia nos americanos e, com a entrada da nova safra 2019/20 de soja na América do Sul, a Argentina poderá ser mais um ponto a favor dos chineses, supondo que sua produção se recupere e volte a ser de 57/58 MT (20MT a mais que em 17/18)”, explica Pacheco.

O segundo fator de instabilidade para o mercado de soja é a “indefinição quanto à produção real da América do Sul”. “As complicações climáticas pela falta de chuvas no Brasil provocaram um certo ânimo nas cotações, ainda que chuvas posteriores tenham ofuscado um pouco este entusiasmo, Mas, sabe-se agora que elas foram insuficientes. Resta saber também se a Argentina vai realmente semear toda a área estimada, porque está tendo o problema contrário do Brasil: excesso de chuvas, que impedem as máquinas de entrarem nos campos”, diz o analista da T&F.

Por fim, aponta, há também “indefinição quanto ao Dólar no Brasil”. “O dólar não está garantido no patamar atual. Nos últimos 6 meses oscilou entre R$ 3,60 e R$ 4,20 e esta faixa de flutuação ainda é possível ocorrer, dependendo da reação que o governo sofrerá às reformas que deseja (e precisa)
fazer”. 

De acordo com Pacheco, a moeda norte-americana vai flutuar dependendo da capacidade de reação das oposições, que parece baixa e desarticulada. Segundo ele, existe também alta resistência às reformas, o que pode ocasionar greves e paralisações em setores importantes como portos, bancos e transportadores, entre outros. “Podem trancar a economia, que precisa de fluxo para se expandir”, conclui.

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