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Nova cultivar de soja favorece manejo da ferrugem-asiática

Ferramenta não dispensa o controle químico


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa estão lançando durante o Show Rural Coopavel, a ser realizado de 5 a 9 de fevereiro de 2018, em Cascavel (PR), a cultivar de soja convencional BRS 511, cujo diferencial é a alta produtividade associada a maior proteção contra a ferrugem da soja. A nova cultivar é uma ferramenta que chega para auxiliar o manejo da ferrugem-asiática da soja, mas não dispensa o controle químico. “Seu diferencial é retardar o avanço da doença no campo, promovendo uma maior estabilidade de produção quando as condições climáticas forem desfavoráveis à aplicação de fungicidas”, ressalta o pesquisador da Embrapa Soja, Carlos Lásaro Pereira de Melo.

A BRS 511 é a primeira cultivar que a Embrapa coloca no mercado com a Tecnologia Shield, selo que identifica as cultivares de soja que apresentam genes de resistência à ferrugem-asiática. “Assim como nas grandes batalhas, as cultivares com a Tecnologia Shield funcionam como um escudo que ajuda a proteger a lavoura quando a doença aparecer”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias. “A partir das próximas safras, a Tecnologia Shield estará associada também à linha de cultivares de soja transgênicas (RR e Intacta) da Embrapa. 

Dados do Consórcio Antiferrugem demonstram que o custo-ferrugem (gasto com fungicidas para controle + perdas de produção) médio é de US$ 2 bilhões por safra no Brasil. Ao se reduzir o número de aplicações, além da redução de custo, também está se preservando a vida útil dos fungicidas, que vem perdendo a eficiência ao longo dos anos. Hoje o produtor realiza, em média, 3 pulverizações de fungicidas por safra. 

De acordo com os critérios científicos, são consideradas cultivares resistentes à ferrugem asiática as que apresentam lesões marrom-avermelhada (Reddish-Brown-RB) nas folhas por reduzirem a multiplicação do fungo. As cultivares que são suscetíveis à doença apresentam lesão castanha (TAN), com abundante esporulação do fungo. “A BRS 511 é uma cultivar que manifesta a lesão RB. Isso significa que o fungo causador da ferrugem irá provocar uma lesão (semelhante à lesão de hipersensibilidade), com nenhuma ou muito pouca esporulação do fungo, protelando a evolução da doença no campo”, explica Carlos Lásaro Melo. “A questão da resistência genética à ferrugem é complexa, uma vez que o fungo apresenta grande variabilidade genética. Por isso, ao longo dos anos, esses materiais podem vir a apresentar perda de resistência. Hoje são importantes ferramentas de manejo”, explica o fitopatologista Rafael Soares. 

Importante ressaltar que a resistência da BRS 511 à ferrugem não é do tipo imune, entretanto permite uma melhor convivência com a doença no campo, sendo uma ferramenta importante de manejo. Entre as estratégias de manejo integrado da ferrugem estão: a adoção do vazio sanitário, a semeadura no início da época recomendada, o uso de cultivares precoces, o controle químico e o uso de cultivares resistentes.

A BRS 511 é uma cultivar diferenciada ainda, porque na rede de avaliação onde foi testada, tanto em parcelas experimentais quanto em parcelas maiores, conduzidas por parceiros em diferentes regiões, sua produtividade foi superior à da BRS 284, que já esteve entre as mais produtivas do país em concursos de produtividade. “A BRS 511 tem comprovadamente excelente potencial produtivo, com alta estabilidade e alto peso de sementes”, diz Carlos Lásaro Melo.

A BRS 511 é um dos lançamentos da Embrapa na safra 2017/18 e apresenta ampla adaptação, sendo indicado para as regiões de Santa Catarina (REC 102), Paraná (REC 102, 103, 201), São Paulo (REC 203, 302), Mato Grosso do Sul (REC 202, 204, 301), Goiás (REC 302, 301) e MG (REC 302). A BRS 511 é do grupo de maturidade 6.4 para as REC 102, 103 e macrorregião 2 e 6.9 nas REC 301 e 302. “A cultivar apresenta ótimo desempenho em semeaduras antecipadas (aberturas de plantio), nas diversas regiões de indicação”, destaca Carlos Lásaro Melo. “Vale reforçar também sua excelente sanidade com ênfase para a resistência de campo à fitoftora e moderada resistência ao nematoide de galha Meloidogyne javanica”, afirma o pesquisador.
 

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