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Nova queda dos preços mundiais do arroz

No início de janeiro, apesar da baixa demanda de importação, os preços asiáticos mostravam-se mais firmes, em parte devido à valorização das moedas locais em relação ao dólar


Foto: Pixabay

Em dezembro, os preços mundiais do arroz terminaram o ano em queda mensal de 3% dentro de um mercado com baixa atividade comercial na véspera das férias de fim de ano. As contrações mais significativas foram observadas no Vietnã e no Paquistão, sendo este último provisoriamente o mais competitivo no mercado. Com isso, as disponibilidades exportáveis estão se acumulando, especialmente na Índia onde ainda são importantes e também tive que baixar seus preços no final de dezembro, enviando assim sinais positivos aos importadores, especialmente aos compradores africanos.

No início de janeiro, apesar da baixa demanda de importação, os preços asiáticos mostravam-se mais firmes, em parte devido à valorização das moedas locais em relação ao dólar. Em 2021, o comércio mundial de arroz foi dominado pela Índia, o líder mundial, exportando quase 20,5 Mt, representando 40% do comércio mundial, distanciando significativamente seus dois principais concorrentes. Vietnã e Tailândia exportaram respectivamente "apenas" 6,6 Mt e 6 Mt.  A hegemonia indiana deve se manter em 2022, apesar de uma possível contração das vendas e uma reativação das exportações tailandesas. Os exportadores asiáticos estão na expectativa dum forte aumento do consumo mundial e do comércio mundial para 51,5 Mt contra 49,0 Mt em 2021.

Em dezembro, o índice OSIRIZ/InterArroz (IPO) diminuiu 5,4 pontos para 196,9 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 202,3 pontos em novembro. No início de janeiro, o índice IPO estava firme em 199 pontos. Produção mundial Segundo estimativas da FAO, a produção mundial do arroz em 2021 aumentou 1% para 780,7 Mt (518,4 Mt base beneficiado) contra 773,7 Mt em 2020. A produção asiática aumentou graças a uma safra recorde na Índia. Na China, a produção também melhorou em 1%, contra 0,5% em 2020.

Na Tailândia, a produção continua melhorando, bem como no Vietnã. Nos Estados Unidos, após o forte aumento em 2020, a produção contraiu 10% em 2021 devido à redução das áreas plantadas. No Mercosul, a produção melhorou, especialmente no Brasil, onde se estima um aumento de 4,5% em relação a 2020. Na África subsaariana, a produção de arroz voltou a sofrer das más condições climáticas, especialmente na África Ocidental. Em Madagascar, estima-se que a produção também tenha diminuído 3,5% em 2021.

Comércio e estoques mundiais

Em 2021, o comércio mundial do arroz aumentou significativamente em 7,5% para 49,0 Mt contra 45,6 Mt em 2020. As necessidades de importação aumentaram em 10% no sul da Ásia, especialmente em Bangladesh. As importações chinesas também aumentaram em 2021, bem como na África subsaariana, onde se observou um forte crescimento das importações, especialmente na Nigéria, Costa do Marfim e Senegal. A Índia afirma-se como líder mundial, alcançando um novo recorde de exportação de 20,5 Mt, 41% acima de seu recorde anterior em 2020 e respondendo por 40% do comércio mundial. Apesar de um forte aumento das exportações durante o segundo trimestre do ano, a Tailândia termina o ano na terceira posição, atrás do Vietnã onde as vendas aumentaram 7% em 2021.

Em 2022, o comércio mundial poderia aumentar novamente em 5% para 51,5 Mt, o equivalente, pela primeira vez, a 10% da produção mundial. Os estoques mundiais de arroz no final de 2021 teriam aumentado em 0,7% para 187 Mt contra 185,8 Mt em 2020, representando 36% das necessidades mundiais, e ficando dentro da média dos últimos cinco anos. Este aumento se deve principalmente aos estoques da Índia onde às colheitas foram boas em 2021. Por outro lado, os estoques chineses estão em queda de 0,5%, mas ainda são abundantes, o equivalente a 70% do consumo anual e 55% dos estoques mundiais. Os estoques nos principais países exportadores aumentaram também em 2020/21 em 5% para 52 Mt, o equivalente a 28% dos estoques mundiais.

Na Índia, os preços do arroz diminuíram em 3,5% com a chegada das novas colheitas e a uma redução das atividades comerciais. Em dezembro, as vendas externas foram menores em relação aos meses anteriores. No total, as exportações indianas apontam um recorde de 20,5 Mt, 41% acima de 2020 e equivalente a 40% do comércio mundial. Em dezembro, o arroz indiano 5% quebrado marcou $ 344/t Fob contra $ 357 em novembro. O arroz indiano 25%, permaneceu bastante estável em $ 324 contra $ 327. Inicio de janeiro, os preços ficavam estáveis.

Na Tailândia, os preços caíram novamente 1%, exceto na categoria de arroz quebrado em queda de 4%. Apesar da fraca atividade comercial, os preços tailandeses tenderam a subir no final de dezembro, por causa da valorização do bath tailandês em relação ao dólar. Em dezembro, as vendas externas teriam atingido 620.000 t contra 755.000 t em novembro. No total, as exportações tailandesas representariam quase 6 Mt, seja 4% a mais que no ano passado. Em 2022, as autoridades tailandesas estão na expectativa de uma forte retomada das vendas externas para 7,5 Mt. Em dezembro, o preço médio do arroz 100%B tailandês foi de $ 385 contra $ 390 em novembro. O arroz parboilizado manteve-se estável a $ 384 contra $ 386 anteriormente. Em contraste, o quebrado Super A1 caiu para $ 348 contra $ 359. No início de janeiro, os preços tendiam-se a se fortalecer.

No Vietnã, os preços de exportação diminuíram 4-6% em um mês após da queda das atividades comerciais e a forte concorrência entre os exportadores. No início de janeiro, os preços começavam a se valorizar com o retorno gradual dos compradores asiáticos, antecipando a forte demanda durante as férias do Ano Novo chinês que começa no 1° de fevereiro. Em 2021, as exportações vietnamitas teriam aumentado em 5% para 6,6 Mt contra 6,3 Mt em 2020. Em dezembro, o Viet 5% marcou $ 403 contra $ 427 em novembro. O Viet 25% foi negociado a $ 381 contra $ 407 anteriormente. 

No Paquistão, os preços do arroz diminuíram em média de 4%, sendo os mais competitivos do mercado, em parte devido à desvalorização da rupia paquistanesa. No início de janeiro, os preços começavam a se fortalecer após de novas demandas da África Oriental. Entretanto, os problemas logísticos, especialmente a falta de containers, impactam o desenvolvimento das atividades comerciais. Em 2021, as exportações paquistanesas teriam atingido 3,9 Mt contra 4,0 Mt em 2020, marcando uma queda de 2%. Em dezembro, o Pak foi negociado a $ 325 contra $ 338 anteriormente.

Na China, as importações continuam aumentando e podem exceder 4,5 Mt em 2021. Para cobrir o déficit na produção, em relação às necessidades de consumo, a China espera aproveitar da abundante oferta de exportação de seus vizinhos asiáticos e dos preços externos mais atrativos. O Vietnã continua sendo seu principal fornecedor, mas a China diversifica cada vez mais suas fontes de abastecimento a partir da Tailândia, Birmânia, Índia e Paquistão. Nos Estados Unidos, os preços do arroz subiram 1% dentro de um mercado tradicionalmente fraco no final do ano. Em dezembro, as exportações atingiram 270.000 t contra 345.000 t em novembro. As exportações  terminaram assim em 3,1 Mt, já um nível equivalente ao do ano anterior. O México continua sendo o principal cliente com 25% das vendas externas, seguido pelo Haiti (13%) e Japão (12%). Em dezembro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 atingiu $ 591/t contra $ 589 em novembro. No início de janeiro, o preço manteve-se estável a $ 590. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz paddy ficaram estáveis numa média de $ 310/t. No início de janeiro, os preços tendiam a subir a $ 322. 

No Mercosul, os mercados externos estiveram mais animados. As exportações brasileiras terminaram o ano em 735.000 t contra 1,25 Mt em 2020, 42% a menos. No Uruguai, as exportações também desceram de 32% a 700.000 t contra 1 Mt em 2020. Em contraste, na Argentina, as vendas externas melhoraram 20% a 410.000 t contra 340.000 t em 2020. O preço indicativo do arroz paddy brasileiro caiu novamente em 6%, para $ 221/t, contra $ 235 em novembro.

No início de janeiro, o preço do paddy estava estável em $ 220. Na África subsaariana, as colheitas estão quase concluídas, mas os preços  internos permanecem firmes após uma redução na produção de grãos devido a problemas de seca, ou enchentes em certas regiões durante a período vegetativo. Insegurança e falta de insumos também afetaram as colheitas. A demanda de importação continua alta e teria atingido um recorde de 17,8 Mt em 2021 contra 15,6 Mt no ano anterior, representando 37% das importações mundiais. Em 2022, as projeções indicam um novo volume recorde de importação de 20 Mt, já 40% do comércio mundial.

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