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Novas cultivares de mandioca se destacam no Cerrado

Desenvolvidas especificamente para a região elas diversificam produção de amido na indústria


Foto: Fabiano Bastos

O Cerrado ganha as primeiras variedades de mandioca desenvolvidas especificamente para a região. Tratam-se das cultivares de mandioca para indústria de farinha e de fécula BRS 417, BRS 418 e BRS 419. Idealizadas pela pesquisa da Embrapa Cerrados (DF) em trabalho de melhoramento genético realizado desde 2012, os materiais vão contribuir para aperfeiçoar os sistemas de produção da mandiocultura na região, além de possibilitar a maior diversificação das cultivares utilizadas pelos produtores.

Elas se destacam pela elevada produtividade de amido – até 30% maior que a da cultivar mais plantada na região –, pela arquitetura favorável aos tratos culturais e ao plantio mecanizado devido à altura mais elevada das plantas e da primeira ramificação, bem como pela moderada resistência à bacteriose, principal doença da cultura no Bioma. 

A BRS 417 apresenta raízes com disposição e tamanho que facilitam a colheita mecanizada. Nos experimentos, obteve produtividade média de raízes de 38.005 kg/ha, porcentagem de amido nas raízes de 31,53% e rendimento de amido de 11.984 kg/ha. 

Com potencial para ser empregada em cultivos visando ao aproveitamento da vigorosa parte aérea, rica em folhas e pecíolos, na alimentação animal, a BRS 418 obteve produtividade média de raízes de 38.940 kg/ha, porcentagem de amido nas raízes de 32,35% e rendimento de amido de 12.651 kg/ha nos experimentos. 

Já a BRS 419, devido à elevada rusticidade, pode ser utilizada em políticas direcionadas ao desenvolvimento da cadeia produtiva do amido e da farinha de mandioca, com foco em produtores com menos acesso a tecnologias. Apresentou produtividade média de raízes de 42.010 kg/ha, porcentagem de amido nas raízes de 30,29% e rendimento de amido de 12.870 kg/ha. 

“São materiais que vão agregar características tecnológicas para os sistemas de produção de mandioca, como a facilitação do plantio mecanizado, que reduz o uso de mão de obra, além de aumentar a produtividade de amido por hectare e facilitar os tratos culturais, como aplicação de herbicidas, adubação de segundo ciclo e poda. Todas essas características contribuem de forma direta para a redução dos custos de produção”, afirma o pesquisador Eduardo Alano Vieira. 

Colega de Alano, o pesquisador Josefino Fialho aposta que o produtor poderá escolher os materiais de acordo com o sistema de produção. “Quem tinha basicamente uma cultivar e variedades locais agora tem três novas opções. São materiais distintos e podem ser usados para manter a variabilidade genética dos cultivos. Nossa recomendação é: plante as três, teste-as nas suas condições e decida quais manter.”

Alano acredita que as novas cultivares devem promover outros impactos positivos nos sistemas de produção da região. “Não há, atualmente, um mercado de comercialização de manivas-semente certificadas. E os novos clones têm uma taxa de multiplicação de maniva mais alta – de uma planta da cultivar mais plantada se obtém cinco plantas novas, enquanto uma planta dos novos materiais possibilita ao menos dez novas plantas. Fica mais fácil difundir esses materiais desenvolvendo o comércio de manivas-semente”, explica.

No segundo semestre de 2020, a Embrapa disponibilizou material propagativo das cultivares a empresas produtoras de manivas-semente e de mudas micropropagadas por meio de oferta pública. “Como agregamos os licenciados para comercializar esses materiais, daremos opção ao produtor de comprar uma muda de qualidade genética superior, livre de pragas e doenças”, afirma Fialho. 

A cultura da mandioca é uma das mais importantes do ponto de vista socioeconômico para o Bioma Cerrado, sendo cultivada em uma área estimada em 250 mil hectares. Até o momento, as cultivares mais plantadas na região são materiais introduzidos de outros biomas ou landraces (materiais locais), sem um programa de melhoramento genético voltado às condições locais. 

*informações da Embrapa

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