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Novas regras fazem aumentar amostras fora do padrão

Apesar de não serem tão frequentes, os problemas com os fertilizantes existem e custam caro aos produtores rurais


De cada cinco lotes de fertilizantes analisados pela Secretaria da Agricultura e do Abas­te­cimento do Paraná (Seab), um está fora dos padrões de conformidade exigidos por lei, com teores de elementos químicos diferentes dos que são anunciados pelos fabricantes. É o que revela uma fiscalização feita pela Seab no primeiro semestre do ano. De 179 amostras coletadas, 40 estavam em desconformidade, 22,3%.

Apesar de não serem tão frequentes, os problemas com os fertilizantes existem e custam caro aos produtores rurais, diz Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Segundo o agrônomo da Seab, Eduardo Scucato, dentre os nu­­trientes primários (NPK) utilizados nos adubos, o mais problemático é o fósforo, que por custar mais caro costuma vir em quantidades menores do que as especificadas. O potássio vem seguida, pelo mesmo motivo.

Ele explica que há quadrilhas que vendem tanto restos de adubo coletados nos portos do país, como mercadorias que são fruto de roubo de cargas. Por isso é importante o consumidor ficar atento a ofertas muito mais atraentes do que o normal. “É levar gato por lebre. O agricultor pode adquirir uma mistura feita com restos ou então ainda pode ser enquadrado por receptação de produto roubado.”

Controle de qualidade

Nos resultados de análises feitas pela Seab no período de 1991 a 2004, observa-se que a porcentagem de fertilizantes em desconformidade oscilava entre 8,5% e 19,9%. Em 2005, esse número chegou a 30,7%, por conta de uma alteração feita em 2004 na legislação do setor, que aumentou os padrões de exigência sobre os fertilizantes. Depois disso, a porcentagem caiu em 2006 (28,6%) e 2007 (21%), mas voltou a crescer em 2008 (23,2%).

O diretor-executivo da As­­sociação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, alerta sobre a dificuldade de se manter padrões de qualidade, pois as empresas produtoras lidam com grandes volumes de insumos. “É preciso lembrar que não trabalhamos com miligramas, e sim com toneladas. Por isso há uma série de fatores que escapam ao nosso controle”, afirma. “Às vezes adiciona-se um certo elemento no adubo, como o zinco, por exemplo, e pode ser que, no transporte do produto, ele se distribua de forma heterogênia. Desse volume, pode ser que uma quantidade analisada pegue justamente uma parte do adubo que ficou com excesso ou falta de zinco.” Scucato, porém, não aceita a justificativa de Daher. “Os responsáveis técnicos dos produtores precisam assumir os riscos de adicionarem elementos que possam ficar sedimentados e mal distribuídos. O que não pode é o consumidor pagar por esses riscos.”

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