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O povo cafeicultor

Parte da cafeicultura do norte do PR se deve aos trabalhadores


É fato que a terra roxa fez brotar com força os cafezais, mas um tanto enorme da grandeza da cafeicultura do norte-paranaense se deve às mãos calejadas de cada trabalhador que superou todo tipo de adversidade para transformar sonho e esperança em realidade.

Atual técnico em museologia no Museu Histórico Padre Carlos Weiss, em Londrina (PR), Amauri Ramos da Silva, 44, é parte viva da história. Desde os quatro anos até a adolescência, ajudou o pai e os irmãos na lida com o café."Meu primeiro presente foi uma enxada", brinca saudosamente com o passado. Só moço mudou-se para a cidade e começou a estudar.

E era mesmo assim, confirma Neusa Lourenço Pinheiro, 44. Nascida de parteira na mesma Fazenda Palmeira, em Santa Mariana, onde mora até hoje, ela conta que também foi cedo para o cafezal. "Era uma época boa mais muito difícil. A gente nem sabe explicar. Dormia em colchão de palha, tomava água de bica, chegava em casa cheia de pó e corria tomar banho. Tenho saudade e de vez em quando vou levar almoço para meu marido, levo uma marmita para mim também e a gente come no cafezal", recorda. O filho mais velho, Guilherme, 17, ainda vive na fazenda mas sua preocupação hoje é continuar nos estudos.

Administrador da Fazenda Monte Belo, em Ribeirão Claro, Ricardo Storti, não viveu os áureos tempos de fartura no lugar mas lembra das histórias dos mais antigos. "Final de ano era só festa. Todo mundo se reunia no pé do cruzeiro para a missa e depois de churrasco e forró."

Na mesma fazenda, o agricultor Dionísio Martins, 63, nasceu, cresceu, se casou, teve filhos, se aposentou e continua morando na antiga colônia. "Nasci aqui de parteira, nunca vivi em outro lugar e conheci minha esposa aqui", atesta o cafeicultor que olha para o velho "terreirão" e ainda parece ver "os mais de 30 caboclos" que trabalhavam com ele. O senhor também se recorda que o dinheiro do café permitiu que um colega comprasse o primeiro rádio que chegou à região. "O caboclo foi em São Paulo e voltou com o radinho. A gente olhava e parecia uma coisa de outro mundo saber que o Pedro Bento e Zé da Estrada estava lá em São Paulo e a gente aqui, escutando a música deles."

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