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O que pode salvar a armazenagem no Brasil?

Três pontos importantes e que devem ser considerados para minimizar o risco


Foto: Leonardo Gottems

Como o setor precisa avançar para suprir as necessidades atuais e futuras? Quais são os principais entraves e desafios enfrentados? O que pode ser feito em termos de políticas públicas para resolver os gargalos? Essas são as respostas da reportagem desta quarta-feira (20.05) na Série Especial do Agrolink com a participação do superintendente de Armazenagem da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Stelito Reis Neto.

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De acordo com ele, existem três pontos importantes e que devem ser considerados para minimizar o risco da falta de armazéns para o escoamento da safra nacional:

    • Incentivo à construção de estruturas de armazenagem, especialmente em nível de fazenda – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem, repetidamente, nos Planos Safra, oferecido linhas de financiamentos subsidiadas para esse tipo de construção. Contudo, os produtores brasileiros ainda precisam ser convencidos, por meio de campanhas educativas e extensão rural, de que o investimento pode ser vantajoso ao seu negócio. Entre 2006 e 2018 o percentual de armazéns em nível de fazenda no Brasil ficou, praticamente, estagnado, à medida que passou de 14,9% para 15,8%.

    • Melhoria na qualidade de estrutura e operacionalização dos armazéns – Armazéns adequados em estrutura e pessoal reduzem as perdas qualitativas e quantitativas na pós-colheita, além de aumentarem eficiência, podendo ter sua capacidade dinâmica e seus fluxos de recepção e expedição otimizados, o que faz considerável diferença em uma situação de insuficiência de espaço para armazenar grãos.

Um ponto a destacar também é que há disponibilidade de tecnologia na área de armazenagem no Brasil, no entanto os operadores dessas estruturas e equipamentos muitas vezes não têm capacitação adequada para utilizar tais aparatos. Falta também, no geral, conhecimento na decisão de qual tecnologia é a mais adequada a cada condição, o que leva à redução da qualidade do produto, emperra os fluxos dentro do armazém e causa perda de tempo e qualidade nas demais etapas.

Por isso, a Certificação das Unidades Armazenadoras, criada por meio da Lei 9.973/2000 e regulamentada pelo Decreto 3.855/2001, deve ser incentivada, pois dois dos seus principais eixos estão relacionados ao treinamento de pessoal e determinação de critérios estruturais mínimos dos armazéns.

    • Estudos que definam a capacidade estática necessária para o Brasil – Algo que daria suporte a todo esse processo de desenvolvimento da infraestrutura de armazenagem seriam estudos que apontem qual a capacidade estática necessária para o Brasil de forma regionalizada. Esta é uma carência do setor, pois não há dados atuais que levem em consideração todas as características e as dimensões do país. Esses estudos poderiam proporcionar um melhor planejamento, tanto das políticas públicas de indução ao aumento do parque quanto para as empresas do ramo, que teriam mais segurança nos seus investimentos.

“Como envolvem obras de infraestrutura e investimentos financeiros de vulto, é imperioso que as ações para o aumento da capacidade de armazenamento de grãos no Brasil sejam iniciadas imediatamente sob pena de o país sofrer com o risco de um afunilamento no escoamento de sua safra, limitando o potencial de renda do setor agrícola e a competitividade no mercado internacional da safra brasileira”, conclui o superintendente de Armazenagem da Conab, Stelito Reis Neto.

Amanhã: Qual é o futuro da armazenagem agrícola?

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