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Oeste da Bahia deverá colher mais uma safra mas, a logística preocupa

Condições precárias da BA 459 põem em risco o escoamento da produção


Com dois milhões de hectares plantados, 10% a mais que na safra passada, o cerrado da Bahia, no Oeste do estado, deve colher quase oito milhões de toneladas de grãos ao final do ano agrícola de 2011/12, 13% a mais que no ciclo anterior. A estimativa é do Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), que concluiu esta semana o 2° Levantamento da Safra 2011/12. Se confirmados os prognósticos, será um novo recorde de produção. Mas, a perspectiva que, por um lado, anima os produtores, também é motivo de preocupação, devido às condições precárias da malha de rodovias estaduais e vicinais para o escoamento da produção e trânsito dos insumos agrícolas.

De acordo com o presidente da Aiba, Walter Horita, a logística da safra da região, entre produção e insumos, demanda o equivalente a mil caminhões com capacidade de transportar 37 toneladas por dia, durante os 365 dias do ano.

“Estamos virando reféns de nossa própria competência. Aperfeiçoamos o processo de produção, mas a logística estadual é lastimável, pois não acompanhou o crescimento regional. As estradas estão intransitáveis, principalmente no período de chuva. Isso aumenta o tempo necessário para o transporte, encarece os custos de produção, e tira a competitividade do nosso produtor. Sem falar que representa um grande risco de vida para quem transporta a carga, ou trafega nas estradas”, diz Horita.

Protocolo

Em 31 de agosto de 2009, Aiba assinou com o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Infraestrutura, e o Banco do Nordeste um Protocolo de Intenções, como parte do Programa Estadual de Rodovias do Oeste Baiano, para manutenção e implantação de 800 km nas rodovias da região. No escopo do projeto, uma Parceria Público-Privada (PPP), está a construção de um corredor viário de 220 quilômetros, obra com custo estimado de R$100milhões, que ligará o município de Luís Eduardo Magalhães a Formosa do Rio Preto, passando por Riachão das Neves, conectando a BA459 (Anel da Soja) à BA 225 (Coaceral), atendendo diretamente mais de 500 mil hectares de lavouras em uma das áreas de maior expansão agrícola do cerrado baiano. Este trecho foi batizado de Rodoagro.

“O projeto executivo estará finalizado em fevereiro e foi viabilizado com recursos da iniciativa privada. Agora precisamos que o Governo priorize sua participação na execução desta obra. A região Oeste é um dos maiores polos agrícolas do país. É grande geradora de empregos e divisas e não pode ter seu desenvolvimento estrangulado pela falta de infraestrutura”, disse o vice presidente da Aiba, Sergio Pitt.

Safra 2011/12

O milho foi a cultura que mais cresceu em área, de acordo com o 2° Levantamento da Safra 2011/12. Foram 59% a mais que no ciclo anterior. A participação da commodity na matriz produtiva da região ficará em 12% da área, percentual ainda abaixo da recomendação técnica para a rotação de culturas, que varia de 25% a 33%. O mercado determinou o aumento da área plantada. Os preços do milho, que amargaram depreciação durante muitos anos, tiveram uma sensível melhora no último ano. No pior momento, entre novembro/dezembro de 2009, chegaram a R$13,25, a saca de 60 quilos. Já no mesmo período em 2011, registraram R$24,50 e se mantêm neste patamar. O cerrado baiano deverá produzir em torno de 2,2 milhões de toneladas de milho, 46% a mais que na safra passada, com produtividade de 150 sacas por hectare.

O algodão do Oeste desacelerou a expansão. Vai crescer, nesta safra 2011/12, modestos 4%, contra 51% no ciclo anterior. A área plantada com algodão passou de 371 mil hectares em 2010/11 para 386 em 2011/12. Já a produtividade está estimada, a princípio, em 265@/ha. A explicação para decisão de plantio também foi o mercado. Após meses de histórica ascensão nos preços, estes começam a se estabilizar. Em reais, a arroba do algodão está valendo R$ 54,00, contra R$115,74 no mesmo período da safra passada.

“É um movimento natural. Os preços subiram muito em um período devido a fatores macroeconômicos. Os Estados Unidos diminuíram o plantio em um momento; com menos oferta, os preços subiram, o produtor brasileiro plantou mais e a seguir os EUA voltaram a plantar mais também, e a oferta normalizou, explica Horita. O algodão, que chegou a valer US$ 2 a libra-peso, hoje está valendo US$0,95, considerado ainda um bom preço. Como os estoques estão apertados, este preço não deve cair muito. Walter Horita acredita que, para 2012, os preços da libra-peso do algodão devem variar entre US$0,85 e US$1.

Se a estimativa do Conselho Técnico da Aiba se confirmar, o que depende, entre outras coisas, de fatores climáticos, o cerrado baiano deverá colher em torno de 1,53 milhões de toneladas de algodão em caroço nesta safra (613 mil toneladas de pluma), aproximadamente 2% a mais que no ciclo anterior.

Cultura de maior participação na matriz agrícola do cerrado da Bahia, com 56% da área plantada na região, a soja avançou 5% em área na safra em curso, ficando em 1,15 milhões de hectares. O Conselho Técnico da Aiba estima uma produção de 3,7 milhões de toneladas da oleaginosa, com produtividade de 53 sacas (60kg) por hectare.

O café manteve o total de área cultivada de 15 mil hectares, com 13 mil hectares em produção na safra 2010/1011, com produção estimada de 34 mil toneladas, com crescimento de 20% em relação a safra anterior.

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