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Oficina discute diretrizes da marca Carne baixo carbono

Expectativa é que o protocolo CCN esteja disponível no início de 2019 e os parâmetros para CBC até abril do próximo ano


Embrapa e parceiros estão avançando para validação dos protocolos dos conceitos produtivos carne baixo carbono (CBC) e carne carbono neutro (CCN), que certificam carnes produzidas em sistemas que neutralizam ou reduzem a emissão de metano emitido pelos animais. A expectativa é que o protocolo CCN esteja disponível no início de 2019 e os parâmetros para CBC até abril do próximo ano. Os protocolos estabelecem os indicadores com relação a, por exemplo, boas práticas de manejo animal, qualidade do solo e pastagens para que as certificadoras possam seguir os parâmetros necessários para atestar que as carnes são produzidas em sistemas que neutralizam ou reduzem as emissões de carbono.  

“A qualidade do produto em si virou commodity, precisamos discutir novos modelos para captar valor a partir da sustentabilidade do sistema de produção”, enfatiza o diretor de inovação e tecnologia Cleber Soares.

Pesquisadores de 16 Unidades da Embrapa, em conjunto com a Secretaria de Inovação e Negócios (SIN), participaram da oficina para definição de diretrizes da marca-conceito “Carne baixo carbono”, realizada nos dias 4 e 5 de outubro no parque tecnológico BioTIC, em Brasília (DF), com apoio da Marfrig. O pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande –MS), salienta que definir quais indicadores medir e como mensurá-los é um passo importante para melhorar a eficiência dos sistemas de produção de carne bovina. “O Brasil, historicamente, foi sempre criticado pela baixa eficiência do sistema produtivo de gado de corte. Ao avançarmos com os conceitos CCN e CBC, ganha o produtor rural, e também contribuímos para melhorar a imagem do Brasil”, comenta.

A qualidade percebida pelo consumidor é outro ponto-chave da estratégia para consolidar as marcas conceitos. “O consumidor quer mais do que qualidade. Quer saber sobre o modelo de produção, comércio justo, bem-estar animal e redução da pegada de carbono”, complementa Cleber Soares, para quem a experiência adquirida com as marcas-conceito de carnes bovinas será útil para expandir o conceito também para outros produtos agrícolas.   

Para o gerente de marketing Rafael Vivian, é preciso transformar o conhecimento em algo percebível e fazer com que o consumidor perceba valor na carne produzida em sistemas certificados CBC ou CCN. “Transformar o selo em algo comercial é grande desafio”, avalia. Vivian destaca que, para elevar a sustentabilidade dos sistemas de produção de carnes bovinas e ainda incrementar a percepção de qualidade por parte do consumidor global, os programas de pecuária sustentável têm buscado reduzir as emissões de gases; aumentar retenção de CO2 no solo; reduzir lixiviação e assoreamento dos rios; aumentar a rentabilidade dos produtores; e fixar produtores rurais no campo. 

O pesquisador Roberto Giolo lembrou ainda o esforço governamental e do setor produtivo para pôr em prática o plano de agricultura de baixo carbono, em 2010, e o início das discussões sobre carne carbono neutro durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague em 2009. Para Giolo, discutir a redução das emissões de carbono nos sistemas de produção de carne bovina, “é uma temática extremamente pertinente” e já presente em outros países do hemisfério sul, tais como Austrália, Nova Zelândia, Argentina e Uruguai. “Estamos na frente e precisamos continuar avançando para aproveitar as oportunidades de mercado”, enfatiza.

“A Embrapa tem sido reconhecida como pioneira e protagonista do processo de certificação carne carbono neutro, um novo conceito de produção de carne sustentável certificada nos trópicos, em diferentes fóruns internacionais, tais como a COP 23”, comenta.

O pesquisador citou ainda que 2/3 dos consumidores europeus estão dispostos a pagar mais por produtos amigáveis ao meio ambiente, desde que tenham informações confiáveis. “Quem vai comer carne carbono neutro é o mercado exterior”, destacou para salientar que o foco será incrementar a exportação de carnes bovinas com maior valor agregado.

“A contabilização do carbono em sistemas de produção é estratégica para consumidores, produtores e governos que buscam oportunidades de negócio no contexto de sustentabilidade, eficiência produtiva, mudanças climáticas, impactos ambientais, bem-estar animal, segurança alimentar e credibilidade internacional”, avalia Giolo. 

Carne carbono neutro

A carne carbono neutro (CCN) é produzida em sistemas integrados com a presença de árvores plantadas, que são responsáveis pelo sequestro de carbono e possibilitam a neutralização da emissão de metano dos animais em pastejo, além de proporcionar conforto térmico ao gado. O foco do sistema é o componente florestal. Os pesquisadores avaliam que há elevado potencial de gerar produtos direcionados para o segmento premium, seja para mercados de nicho no Brasil ou para exportação atendendo às exigências por práticas sustentáveis do mercado europeu, por exemplo. Estima-se que, no Brasil, o conceito CCN pode atingir 1,5 milhão de hectares ou 1% do rebanho brasileiro, o que equivale a aproximadamente 2,2 milhões de cabeças de gado.

Carne baixo carbono

A carne de baixo carbono, por sua vez, pode ser produzida em sistemas integrados ou não, com pastagens sem a presença de árvores, e a partir de um manejo adequado do pasto estoca carbono no solo, o que permite reduzir ou mitigar as emissões dos animais. O foco do conceito CBC é na melhoria da qualidade do solo para reduzir as emissões de carbono do sistema. Os pesquisadores avaliam que há grande potencial de escalonamento da CBC, que pode ser adotada em até 50 milhões de hectares.

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