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Operações de crédito seguem estagnadas no Paraná

Duas quebras de safra e o endividamento limitaram o volume de financiamentos


Duas quebras de safra consecutivas e o conseqüente endividamento dos produtores rurais limitaram o volume de financiamentos concedidos aos agricultores paranaenses para a safra de verão 2006/07, que começa a ser colhida nas próximas semanas. Até a semana que vem, quando será encerrada a liberação de financiamentos, o Banco do Brasil terá liberado cerca de R$ 1,8 bilhão em créditos para custeio, que servem principalmente para a compra de insumos. O valor, praticamente o mesmo liberado na safra 2005/06, é bastante inferior ao esperado pela instituição no início do ano passado.

A expectativa do banco, que responde por cerca de 70% do crédito rural no Paraná, era de uma expansão de 20%, que totalizaria R$ 2,16 bilhões. O número de beneficiados também não se alterou, mantendo-se em 140 mil. “O custo de produção caiu nesta safra, pois o dólar ficou estável e os insumos, mais baratos que na safra anterior. Isso significa que o produtor precisou de menos recursos. Além disso, o mercado se retraiu um pouco, depois de duas estiagens seguidas”, diz Inácio Mantovani, gerente de mercado de agronegócio do Banco do Brasil.

Em anos anteriores, o setor agrícola costumava reclamar do volume de crédito destinado ao financiamento da safra, considerado muito baixo. As queixas, agora, se concentram nas exigências das instituições financeiras. “Não se pode reclamar de falta de recurso. O que ocorre é que, para reduzir seus riscos, os bancos ficaram mais rígidos, dificultando o enquadramento dos produtores nas linhas de financiamento”, diz uma fonte do setor, que pediu para não ser identificada.

Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), diz que a crise do agronegócio atrasou a liberação dos recursos para a safra atual. “Com todos os problemas que tivemos, as instituições financeiras precisaram de mais tempo para fazer a renegociação das dívidas anteriores. Isso atrasou o planejamento dos bancos e a liberação dos novos financiamentos. Em muitos casos, o agricultor só teve crédito depois do plantio.” Mesmo com esse atraso, Turra reconhece que uma das principais razões para a estagnação nos volumes liberados foi a própria cautela dos produtores, que tiveram receio em buscar mais crédito e não conseguir pagá-lo na seqüência.

De acordo com o gerente de agronegócio do Banco do Brasil, o volume liberado no ano passado para investimentos em máquinas e equipamentos e para a comercialização da safra também ficou abaixo das expectativas iniciais. Até 21 de dezembro, foram concedidos R$ 400 milhões em crédito para investimento – valor semelhante ao do ano anterior – e R$ 720 milhões para a comercialização dos grãos, com queda de 1,4% em relação aos R$ 730 milhões liberados em 2005 para essa modalidade.

A expectativa para a safra 2007/08, que começa no segundo semestre, é otimista. Segundo Mantovani, a previsão do Banco do Brasil é liberar 20% a mais em crédito para custeio e 30% a mais em crédito para investimentos. “As condições climáticas têm sido favoráveis e a safra está se desenvolvendo bem. Além disso, existe a expectativa de preços melhores para os grãos em relação à safra passada, o que deve estimular a retomada dos investimentos.”

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