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Opinião - Grãos: atingimos o limite em Minas Gerais?

Coordenador da Faemg apresenta análise sobre o setor


As estimativas apontam, ainda sem os números definitivos de trigo, milho e sorgo segunda safra e feijão segunda e terceira safras, que os produtores mineiros caminham para a colheita de 11,8 milhões de toneladas de grãos em 2013, inferior as 12,2 milhões de toneladas obtidas no ano anterior. O clima conturbado no verão justificou a queda. Mas, a pergunta que fica é: chegamos ao teto ou podemos crescer mais? Mesmo com a produtividade acima da média nacional, a participação do Estado na safra brasileira de grãos é decrescente.


A produção mineira vem perdendo a relevância diante da capacidade de expansão dos estados do Centro-Oeste, principalmente. Ampliar a competitividade do Estado requer investimentos em tecnologias para recuperação de áreas degradadas e aumento da produtividade.

Minas Gerais esgotou suas fronteiras agrícolas: não tem áreas a serem desbravadas, que poderiam ser convertidas em agricultura. Cerca de um terço do território é coberto por vegetação nativa. O novo Código Florestal determina a recuperação de áreas atualmente ocupadas pela produção agrícola, principalmente nas chamadas APPs (Áreas de Preservação Permanente). Cidades e outras ocupações, como mineração, hidrelétricas e rodovias, continuarão a demandar mais área, também reduzindo o espaço agrícola.

A participação média da safra de grãos do Estado, em relação à brasileira, vem caindo constantemente, apesar de a produção continuar crescendo. Na década de 1970, os grãos mineiros representavam 9% do total nacional. Nos anos 1980 essa participação foi de 8,6%, caindo nas décadas de 1990 e 2000 para 8,4% e 7,6%, respectivamente. Nas três primeiras safras desta década recuamos para 6,8%.


Tal desempenho é amenizado pelos bons números da produtividade média das lavouras, sempre superior à nacional. Nos anos 2000, por exemplo, a produtividade mineira teve um salto, saindo dos 2.055 kg/ha, registrados na década anterior, para 3.100 kg/ha, ou seja, 50,9% a mais. No mesmo período, a média nacional subiu 35,6%. Mesmo com as perdas, devemos registrar 4.000 kg/ha este ano, enquanto o Brasil, com nova safra recorde, ficará abaixo dos 3.500 kg/ha.

Neste contexto, as alternativas para aumento da oferta de grãos em Minas residem no reaproveitamento de áreas hoje degradadas ou com baixa utilização, por exemplo, dedicadas à pecuária extensiva, ou mais investimentos em tecnologias capazes de auxiliar os produtores a superar um desafio crescente: produzir mais em menor espaço.

por Pierre Santos Vilela, Coordenador da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg)

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