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Opinião: A reação das exportações do agro em março

por Marcos Fava Neves e Rafael Bordonal Kalaki*


por Marcos Fava Neves e Rafael Bordonal Kalaki*
 
Após a queda de janeiro, a estabilização de fevereiro, em março o desempenho exportador do agro nos animou um pouco. As exportações  (US$ 7,97 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 7,69 bi), cresceram 3,7%. O saldo na balança do agro de março é de US$ 6,55 bi, o aumento é de 6,3% em relação a março de 2013.

 
O valor exportado acumulado no ano (US$ 20,2 bilhões) por sua vez tem queda de 1,7% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 20,6 bilhões), porém um resultado melhor que o do mês de fevereiro. O saldo positivo acumulado no ano foi de US$ 15,9 bilhões (2,0% menor que o mesmo período em 2013). Se continuarmos nesse ritmo, fecharíamos 2014 com um montante de apenas US$ 81 bi, porém cabe ter a esperança que o acumulado de janeiro-março de 2013 tivemos uma exportação de US$ 20,6 bi e fechamos 2013 com a cifra de US$ 99,9 bilhões.
 
Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma queda de 17,0% nas exportações (US$ 11,6 bi em 2013, para US$ 9,7 bi em 2014), isso ajudou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras a ganhar força (em 2013 a participação era de 39,8%), mantendo o incrível patamar de 45,2% em relação as exportações totais do Brasil.
 
O saldo da balança comercial brasileira praticamente ficou nulo, com um superávit de apenas US$ 112 milhões no mês de março, porém no acumulado do ano teve um grave déficit de US$ 6,1 bilhões. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$ 22 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira.
 
Neste março, os 10 campeões no aumento das exportações em relação a 2013 foram respectivamente: soja em grãos (aumentou US$ 1.237,1 milhões em relação a março de 2013), farelo de soja (US$ 52,9 mi), bovinos vivos (US$ 39,7 mi), outros couros/peles bovinos curtidos (US$ 35,6 mi), outros couros/peles bovinos preparados (US$ 27,0 mi), leite em pó (US$ 10,0 mi), cravo da índia (US$ 7,3 mi), carne de peru industrializada (US$ 5,9 mi), móveis de madeira (US$ 5,3 mi) e sucos de outros cítricos (US$ 4,7). Estes 10 juntos foram responsáveis por um aumento de aproximadamente US$ 1,43 bilhão nas exportações do agro de março.
 
A variação dos preços médios (US$/tonelada) foram as seguintes: sucos de outros cítricos (50,1%), outros couros/peles bovinos curtidos (20,4%), couros/peles bovinos preparados (7,5%), carne de peru industrializada (2,1%), farelo de soja (-0,6%), móveis de madeira (-1,4%), soja em grãos (-6,5%), cravo da índia (-9,4%), bovinos vivos (-11,8%) e leite em pó (-27,1%).
 
Os 10 principais produtos que diminuíram as exportações e contribuíram negativamente para a meta foram: milho (queda de US$ 351,2 milhões), açúcar de cana em bruto (US$ 264,6 mi), carne de frango in natura (US$ 114,2 mi), suco de laranja (US$ 82,0 mi), trigo (US$ 59,6 mi), fumo não manufaturado (US$ 52,7 mi), açúcar refinado (US$ 49,9 mi), celulose (US$ 48,1 mi), óleo de soja em bruto (US$ 34,5) e algodão não cardado nem penteado (US$ 32,2 mi). Juntos estes produtos contribuíram para a redução nas exportações na ordem de US$ 1,09 bilhão.

 
No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os 10 principais países que mais cresceram suas importações foram: China (US$ 1.141,0 milhões a mais que em março de 2013), Tailândia (US$ 74,5 mi), Índia (US$ 61,0 mi), Alemanha (US$ 38,5 mi), Argélia (US$ 29,5 mi), Itália (US$ 28,7 mi), Vietnã (US$ 26,6 mi), Hong Kong (US$ 21,3 mi), Síria (US$ 20,7 mi) e Espanha (US$ 18,3 mi). Juntos, estes dez países que mais cresceram, foram responsáveis pelo aumento de US$ 1,46 bilhão.
 
As importações do agronegócio comparando-se março de 2013 com março de 2014 diminuíram 7,0%, seguindo a tendência de queda observada ao longo de 2013. Importou-se nesse março US$ 1,42 bilhão. Dentre os produtos que mais aumentaram nas importações brasileiras estão: soja em grãos (US$ 29,2 milhões), algodão não cardado nem penteado (US$ 12,2 mi), cacau inteiro ou partido (US$ 10,5 mi), cevada (US$ 10,5 mi) e álcool etílico (US$ 9,9 mi).
 
2014 está começando a recuperar para as exportações do agro em relação a 2013. Mantemos um cenário otimista, mesmo com as perdas advindas da seca que impactou as regiões produtoras neste verão. Talvez a meta de US$ 100 bilhões não seja alcançada neste ano, mas março animou. Continuamos garantindo um saldo positivo para a balança comercial do agronegócio brasileiro e lutando para garantir também um saldo positivo para a balança comercial do país. 
 
O recorde no embarque de soja foi abafado pela queda nos preços da carne, açúcar e café, esperamos melhora nos preços destes produtos, bem como melhora nos preços da soja, a China irá permitir importação de grandes quantidades de milho brasileiro, ainda temos grandes quantidades de grãos armazenados e temos um dólar no patamar dos R$ 2,30.
 
*Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA).
 
*Rafael Bordonal Kalaki é Engenheiro Agrônomo pela UNESP e Mestrando em Administração da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto.

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