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Opinião: Ações no suporte de preços do milho

Faz-se necessário um debate amplo entre todos os setores envolvidos na garantia de preços ao produtor


Por *José Mário Schreiner

Após duas safras seguidas de baixos preços no mercado interno do milho, os preços voltaram a reagir a partir do segundo semestre de 2010. Durante o período de queda, os preços atingiram patamares de até 30% abaixo do mínimo de garantia do governo, fato que comprometeu a renda do produtor. Provocou grandes dificuldades financeiras e desânimo no setor, inclusive redução de área plantada na primeira safra de 2010/2011.

A reação dos valores do milho foi consequência da elevação dos preços do mercado internacional e principalmente em decorrência da forte intervenção do Governo Federal no mercado, com destaque na região Centro-Oeste. Isso refletiu nos Estados de Mato Grosso e Goiás, onde os preços se apresentavam mais comprimidos. O governo federal fez intervenção no mercado usando os instrumentos de compras diretas do produtor como a aquisição do governo federal (AGF), no entanto, esses mecanismos foram representativos na solução do problema.

O que realmente fez a diferença foram as operações de comercialização realizadas através de prêmio de bonificação para escoamento da produção (PEP), tanto para outros Estados como para a exportação. As operações do governo federal, no mercado de milho foram da ordem de 22% da produção, em nível nacional, e para o Centro–Oeste correspondeu cerca de 40% da safra.

Na ótica puramente de mercado as operações do governo foram perfeitas. Os leilões de bonificações não são considerados uma intervenção direta ao mercado e as reações provocadas vieram a surtir efeito poucos meses depois, pois os excedentes foram escoados e ocorreu um maior equilíbrio entre oferta e demanda. Com efeitos já nos últimos meses de 2010, os preços apresentaram altas significativas. Na safra atual, os preços estão cerca de 17% acima do preço mínimo de sustentação pago pelo governo.

Quando estas operações são avaliadas pela ótica do produtor, as vantagens são reconhecidas e percebidas no mercado atual porque elas trazem benefícios futuros como bons preços para a safra seguinte. Mas o setor produtivo de milho tem questionado muito as operações de leilões de prêmios concedidos aos compradores e não aos produtos, além do processo burocrático carregado de documentos de pouca utilidade. Tal situação deixa o produtor em uma posição de defensiva, sem muito poder de barganha e na maioria das vezes sem receber o beneficio do preço mínimo que a ele é garantido.

Faz-se necessário um debate amplo entre todos os setores envolvidos na garantia de preços ao produtor, buscando uma política de comercialização com mecanismos de proteção direta ao agricultor. Isso é necessário e urgente para que sejam atingidos seus objetivos básicos de sustentação à produção e maior estabilidade de preços, tanto ao produtor como ao consumidor.

*José Mário Schreiner é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), [email protected]. Artigo publicado na Tribuna do Planalto, editoria Opinião.

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