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Opinião: Cumprir a palavra

por Luiz Marins


por Luiz Marins
    
Tenho recebido dezenas de mensagens de pessoas que reclamam do desaparecimento da virtude de cumprir a palavra.  O que mais me chama a atenção nessas mensagens é que a maioria delas é de pessoas jovens, abaixo dos 35 anos. Digo isso porque há uma ideia de que cumprir a palavra é coisa do passado ou de “pessoas velhas”. 

    
É realmente incrível como as pessoas não cumprem a palavra. Dizer ou não dizer; prometer ou não prometer parece ser a mesma coisa. E a consequência do desaparecimento dessa pequena virtude é que todos perdem. Perde o que deu a palavra e não cumpriu, pois sua credibilidade foi para o ralo e ninguém mais, em sã consciência, acreditará em qualquer coisa que ela disser ou prometer e perde, obviamente, a vítima do não cumprimento que foi enganada, acreditando na palavra de alguém.
    
Conversei com vários profissionais do comportamento humano sobre as possíveis causas dessa praga que está assolando o mundo atual e poucos conseguiram me responder. Não se cumpre mais horário, nem prazo, nem mesmo pequenas coisas de pouco valor. Dar retorno é quase um milagre. As pessoas prometem retornar uma ligação ou uma informação e simplesmente desaparecem. 
    
Isso sem falar nos negócios. As mensagens que recebo contam histórias incríveis de vendedores que prometeram e não cumpriram, enganaram e até mesmo de clientes que prometeram um determinado pagamento e depois disseram não ter prometido. Pequenos golpes parecem ser absolutamente a regra. “Deposito amanhã o seu dinheiro” e não depositar; mudar cláusulas de uma negociação; fazer medições fraudulentas, etc. etc. E um respeitado advogado me disse que nem mesmo contratos assinados são hoje cumpridos totalmente – o que sobrecarrega a justiça. Parece que ninguém mais cumpre a palavra, me disse um juiz de direito com inúmeras causas desse teor.

    
Será que realmente cumprir a palavra caiu de moda? Como viver num mundo onde a desconfiança é a regra? Como conviver numa realidade em que o que as pessoas falam e prometem nem sempre será a verdade? Será que não estamos dando, todos nós, um tiro nos próprios pés e todos perdendo?
    
Pense nisso. Sucesso!


*Prof. Luiz Marins é antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior. Informações adicionais: www.marins.com.brwww.twitter.com/professormarins,  www.facebook.com/programaprofessormarins

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